Título da redação:

Preconceito linguístico

Tema de redação: O preconceito linguístico no Brasil

Redação enviada em 05/09/2018

Em 1922, durante a Semana da Arte Moderna, o Modernismo, movimento artístico e literário, surgiu em contraste com o movimento parnasianista, conhecido pela linguagem formal. Oswald de Andrade, precursor do movimento modernista, escreveu obras valorizando a linguagem popular, livre de regras gramaticais. Na conjuntura atual do Brasil, no entanto, observa-se um cenário de marginalização linguística, responsável por atribuir características negativas às variações regionais linguísticas. Nesse âmbito, destacam-se fatores históricos e culturais, responsáveis pela manutenção do preconceito linguístico no país. Mormente, há o panorama histórico. Tal assertiva pode ser observada a partir da dominação portuguesa sobre os nativos indígenas brasileiros, que, considerados inferiores, foram obrigados a incorporar aspectos culturais portugueses aos seus costumes, como a linguagem. Nesse âmbito, a linguagem possui caráter dominador, visto que, quando imposta sobre outra, promove um processo denominado aculturação, isto é, a perda de características culturais de uma etnia. Sob esse viés, é incontestável que na civilização contemporânea a língua está intimamente relacionada com a estrutura social. Existem segmentos da sociedade, que consideram a gramática normativa como a única aceita e sentem-se superiores por falá-la, condenando quem não a segue. Em contrapartida, hodiernamente, as instituições responsáveis pelo educação, via decisiva na transformação civil, as escolas, não atuam para encerrar esses padrões. Assim, como elucida o sociólogo Émile Durkheim, a escola condiciona os indivíduos a repetirem comportamentos estabelecidos, dificultando a superação desse problema. Outrossim, conforme a teoria do “habitus” do filósofo francês, Pierre Bourdieu, tudo que envolve a linguagem – correção gramatical, sotaque, habilidade no uso de palavras e construções. – está fortemente relacionado à posição social de quem fala. Contudo, é crucial entender que cenários diferentes pedem linguagens diferentes. Não é esperado que um jogador de futebol utilize expressões que um empresário usaria. Além disso, a linguagem de um não se sobrepõe à outra, pois elas se adequam ao meio em que são faladas, ou seja, seria complicado a compreensão de termos eruditos em um cenário popular. Destarte, a norma culta é um direito, não um dever. Mediante a essa problemática, medidas são necessárias para a resolução do preconceito linguístico. Convém ao Governo Federal, por intermédio do Ministério da Educação, promover debates com professores e especialistas em linguagem nas instituições de ensino, com o fito de ressaltar a importância da valorização das singularidades das variações idiomáticas e evidenciar a importância histórica das vertentes linguísticas para dirimir o preconceito entre os jovens em formação. Ademais, a formulação de leis, por meio do Poder Legislativo, garantindo a punição de indíviduos preconceituosos é deveras importante. Urge, também, a ação da União em conjunto com os representantes das gestões estaduais, em prol da efetivação dos direitos previstos pelo artigo 205 da Constituição Federal, em que uma educação de qualidade a todos os cidadãos de forma igualitária é assegurada, a fim de mitigar as disparidades educacionais e, consequentemente, o preconceito linguístico.