Em um país caracterizado, sobretudo, por sua pluralidade cultural, o preconceito ganha espaço até em seu idioma, de forma que é estabelecido uma supremacia social em relação ao modo formal da fala sobre o coloquial. Em consequência dessa diversidade, o português é dotado de uma vasta variação linguística, tipificada em social, cultural, regional e histórica e acompanhada por intolerantes que insistem em menosprezar o dinamismo da língua. Nesse contexto, o livro “Macunaíma”, de Mário de Andrade, exemplifica a variedade cultural do Brasil. Em sua rapsódia, o autor destaca a diversidade do idioma e ressalta a importância da miscigenação quanto à formação da entidade cultural do país. Ele também reconhece a importação de estrangeirismos, principalmente europeus, que são mais valorizados pela elite linguística. Dessa forma, nota-se, através da história nacional, a abundância em dialetos que o Brasil ganha desde as Grandes Navegações. Além de adquirir jargões europeus, o país teve forte influência dos idiomas do continente africano. A partir disso, observa-se uma intolerância oriunda das relações entre colonizador, escravos e nativos, devido a hierarquia presente nessa interação social. Nesse sentido, conclui-se que o país herdou em seu legado histórico um preconceito linguístico que é oposto a sua pluralidade cultural. Logo, cabe ao Ministério da Educação, associado à instâncias municipais, ressaltar a aceitação das variações linguísticas nos materiais didáticos, de modo a reconhecer que elas não devem ser consideradas como transgressões ao idioma, mas sim como prova de que a língua é viva e dinâmica. Compete também ao Governo Federal, junto do Poder Legislativo, instaurar medidas punitivas, como multas, para praticantes desse preconceito, a fim de repudiar a exclusão social de um indivíduo embasada na diversidade de sua fala.