Título da redação:

Pluralidade inferiorizada

Tema de redação: O preconceito linguístico no Brasil

Redação enviada em 13/10/2018

No primórdio da Idade Contemporânea, o pensador positivista Auguste Comte defendia que os elementos de seu lema "O Amor por Princípio e a Ordem por base; o Progresso por fim" seriam vitais à evolução social. Todavia, quando se observa o preconceito linguístico no Brasil, verifica-se que há um contraste com a defesa do filósofo, pois tal descaso é reflexo tanto de um pensamento coletivo de que exista apenas uma linguagem correta dentro da gramática normativa quanto da distribuição desigual da educação formal aos cidadãos. De antemão, e axiomático que a transgressão à Constituição Cidadã de 1988 contribui para que indivíduos se tornem reféns da intolerância pelo fato de não se expressarem de acordo com a norma gramatical da língua. Segundo o linguista Marcos Bagno, não existe forma "certa" ou "errada" de se expressar. Contudo, esse conceito encontra-se distorcido no Brasil hodierno, dado que a diversidade linguística existente no país, a qual é reflexo de fatores históricos e regionais, sofre inferiorização por boa parte da população, devido à crença de que exista apenas uma linguagem correta baseada na gramática normativa. Portanto, isso "adoece" a valorização identitária da língua populacional brasileira, a qual foi enfatizada na Semana de Arte Moderna em 1922. Outrossim, a precariedade do ensino público básico e médio contribui para a persistência do preconceito linguístico no território nacional, visto que há uma desigualdade na distribuição da educação formal aos brasileiros, graças à má gestão do poder público, o que potencializa a exclusão social no país. Afinal, consoante o sociólogo Émile Durkeim, a sociedade é como um corpo biológico, e sua anatomia necessita de constante análise com objetivo de remediar e curar suas enfermidades. Desse modo, constata-se que, para o combate às mazelas sociais, é imprescindível que os direitos constitucionais, descritos no Artigo quinto, sejam garantidos aos cidadãos. Logo, com a finalidade de se alcançar a evolução social, como à ideologia de Auguste Comte, urge que o poder público, em parceria com o Ministério da Educação, promova intensas campanhas sobre o respeito à diversidade da língua brasileira, por meio de documentários e curtas-metragens, e divulgá-los nas grandes mídias, tais como as redes sociais, no intuito de abranger a discussão sobre a valorização da linguagem populacional do país e, consequentemente, amenizar a intolerância linguística. Além disso, é fundamental que o Governo Federal proporcione uma educação justa aos cidadãos, mediante a universalização do ensino formal de qualidade no território brasileiro, com objetivo de adaptar a gramática normativa conforme à cultura de cada região e salientar nas escolas a importância da pluralidade linguística à identidade do Brasil.