Título da redação:

Pluralidade

Tema de redação: O preconceito linguístico no Brasil

Redação enviada em 10/09/2018

O grupo ``Demônios da garoa`` quebrou paradigmas entre a língua escrita e a falada em suas músicas, como no trecho de Saudosa Maloca: ``Esse adificio arto era uma casa véia``. Os sambistas escreviam como conversavam e por vezes sofreram preconceito diante da diversidade do comportamento linguístico. Porém, a discriminação linguística que o conjunto sofreu se estende até hoje para toda a sociedade brasileira, como forma de coerção e intolerância social. O Brasil fora construído por pilares multiculturais, inclusive no âmbito linguístico, e tal característica é notada nas variantes orais de cada região do país, como fica claro em ``A hora da estrela`` livro de Clarice Lispector, onde a personagem alagoana Macabéa vive no Rio de Janeiro, e constantemente não compreendem o modo que a nordestina se comunica. Entretanto, essa pluralidade é interpretada negativamente e o conhecimento da norma culta constantemente usada como ferramenta segregacionista pela sociedade brasileira porque a fala coloquial é associada com baixo nível de escolaridade e educação, como afirma o linguista Marcos Bagno. É importante ressaltar que a diferença linguística é dilatada pelas desigualdades sociais, uma vez que o domínio da língua portuguesa no Brasil é um privilégio diante da precariedade do sistema educacional. Essa discrepância é evidente, como no caso em que o médico Guilherme Pasqua debochou de um paciente ao escrever no receituário ``Não existe peleumonia e nem raôxis``. Isso revela que a língua é uma forma sútil de exclusão que transforma em demérito o desconhecimento do padrão culto, já que vivemos em uma sociedade intolerante à diferenças com as diversidades, o que equivale também ao comportamento linguístico. O preconceito linguístico está intrinsicamente ligado pelas diferenças de um mesmo idioma que são criados ao longo do tempo e por aspectos históricos e tal pluralidade deve ser encarada de forma positiva. Logo, diante do exposto, medidas são necessárias para combater a problemática. Nessa perspectiva, é imprescindível que o Governo, por meio do Ministério da Educação, em conjunto com instituições de ensino e veículos midiáticos, conscientize a população por intermédio de campanhas publicitárias e palestras sobre a riqueza de uma cultura não monocromática e a aceitação de diferentes variantes linguísticos dentro da sociedade. Dessa forma, será possível, aos poucos, reverter as consequências do preconceito linguístico na sociedade e evitar que casos como do médico Guilherme Pasqua, e tantos outros, perpetuem-se.