Título da redação:

Honra aos falares

Tema de redação: O preconceito linguístico no Brasil

Redação enviada em 06/12/2017

O Brasil é, notoriamente, um país monolíngue, porém, fragmentado em muitos dialetos. Nesse contexto, torna-se incompreensível que num país marcado pela pluralidade cultural a língua seja alvo da padronização normativa em detrimento de sua função comunicativa. Por isso, o combate ao preconceito linguístico é imprescindível para que o respeito à diversidade seja uma realidade no cenário brasileiro. Em primeiro plano, é relevante pontuar as origens da diversidade linguística do Brasil para entender onde o preconceito fixa suas raízes. A esse respeito, os diferentes processos históricos de ocupação territorial traçaram peculiaridades regionais distintas tanto na economia, quanto no uso da língua. Sobre isso, o livro "Vidas Secas", de Graciliano Ramos, mostra, por meio da relação de Fabiano com o Patrão, como o domínio da norma culta se tornou uma ferramenta de opressão aos "iletrados" no sertão. Com isso, até hoje, pessoas com sotaque nordestino são taxadas como carentes de conhecimento ou de recursos financeiros nas outras regiões. De outro lado, com o livro “Preconceito Linguístico”, Marcos Bagno tem suscitado o reconhecimento das variações da língua como um elemento cultural a ser valorizado no Brasil. Visto isso, a língua deve manter a sua condição de código comunicativo, sendo analisada de acordo com a eficiência da sua função. Nesse sentido, atos discriminatórios, a exemplo da conduta vexatória do médico paulista, Guilherme Capel, com um paciente leigo, devem ser reprovadas pelos mais robustos, assim como pelos mais simples entre a população. Não cabe, pois, aos indivíduos agir como juízes linguísticos que ditam o que está certo ou errado na linguagem popular, pois o mais importante deve ser a compreensão da mensagem pelo interlocutor. Verifica-se, portanto, que o preconceito linguístico não se adequa a um espaço tão diversificado quanto o Brasil. Logo, cabe ao Ministério da Educação minimizar o caráter discriminatório entre os que possuem maior domínio linguístico. Essa iniciativa deve acontecer pela inclusão do livro “Preconceito Linguístico”, de Bagno, no currículo escolar do Ensino Médio como obra requisitada em vestibulares. Assim, jovens cidadãos, com acesso a esse debate no início de suas jornadas sociais, terão respaldo para combater essa prática opressiva.