Título da redação:

Desprezo e dominação

Tema de redação: O preconceito linguístico no Brasil

Redação enviada em 11/10/2018

Confúcio, filósofo chinês, disse que a cultura está acima da diferença da condição social. Entretanto, é notável na história, que pessoas detentoras de grandes poderes usam sua influência para dominar outros indivíduos, e um instrumento utilizado para isso é a linguagem. Assim, padrões são impostos e é escancarado o preconceito linguístico em países de alta desigualdade social. Primeiramente, o objetivo da linguagem é comunicar. Essa ferramenta utilizada pelo ser humano tem sua origem na necessidade de formar sociedade, de realizar trocas entre indivíduos. Contudo, essa finalidade é deturpada, transformando-a em um meio de controle social. Tal prática é constantemente vista em situações de grande desigualdade, como é o caso do Brasil, que possui uma forte concentração de renda e de oportunidade de estudos para seguir uma gramática normativa. Por meio destas duas questões, cria-se uma ideia de que o pobre que não estuda o padrão linguístico é inferior. No entanto, a formação do Brasil deu-se por meio de uma mistura entre diferentes povos. Assim sendo, as variações comunicativas são fruto de condições históricas, as quais apenas enriquecem a cultura do país. Menosprezar quem não segue um padrão é negar a história brasileira, construída por indígenas, africanos, italianos e vários outros grupos. Sob essa ótica, há casos como o uso do “tu” no sul, e não do pronome de tratamento “você”, o que ressalta a variedade presente no vasto território da nação. Portanto, é natural que hajam diferenças na linguagem. Em suma, a população brasileira, mesmo constituída por uma miscelânea linguística, apresenta constantes comportamentos preconceituosos com relação às diferenças existentes em cada região. E com essa discriminação, a língua perde seu objetivo central para ser usada como forma de dominação. Infelizmente, enquanto houver desigualdade, haverá distorção do verdadeiro uso do código.