A questão do preconceito linguístico é um fenômeno iniciado no processo de formação da sociedade brasileira. Durante o período colonial, por exemplo, os indígenas e afrodescendentes tiveram suas marcas culturais e linguísticas inferiorizadas pelos colonizadores. Atualmente, a discriminação as diversas formas de comunicação, motivadas por uma herança histórica, ainda persistem, implicando, assim, na discriminação de minorias e suas consequências. Por isso, é indispensável a tomada de atitudes do Estado e da sociedade organizada no intuito de amenizá-las. É importante apontar antes de tudo, a possível razão dessa problemática, sendo esta, portanto, a construção histórico-cultural brasileira, marcada pela imposição dos povos dominantes, Europeus, sobre os dominados, nativos e cativos. Na contemporaneidade, essa injunção linguística é exercida pelas classes privilegiadas, que na maioria das vezes ridicularizam e inferiorizam as variedades distintas ao padrão. Exemplificando essa realidade, o linguista e filólogo Marcos Bagno, afirma que, a Rede Globo, assim como os outros meios de comunicação, na maioria das vezes, retratam os personagens nordestinos, em suas telenovelas, como pessoas grotescas, rústicas e atrasadas, criados para o escárnio do espectador. Em consequência de tais fatores, vê-se, infelizmente, o crescimento da marginalização e exclusão desses segmentos da sociedade. Dessa maneira, indivíduos vítimas do preconceito linguístico muitas vezes adquirem problemas de sociabilidade ou mesmo distúrbios físicos e mentais. Nesse sentido, o professor do Departamento de Saúde Pública da Universidade Federal de Santa Catarina, João Luiz Bastos, afirma que todo tipo de distinção está diretamente relacionado ao aumento da probabilidade de desenvolvimento de depressão, ansiedade e hipertensão. Sendo assim, é importantíssimo que atitudes de combate a essa adversidade, aparentemente inofensiva, sejam severamente aplicadas. Portanto, o Ministério da Educação e cultura-MEC, por meio de financiamento de campanhas publicitárias divulgadas nos meios de comunicação, como, a televisão e redes sociais, necessita desenvolver na população, um pensamento reflexivo sobre a importância das variedades linguísticas e culturais na formação identitária nacional, objetivando, assim, o respeito as diversidades. Além disso, o MEC, através da intensificação da carga horária de matérias, como, Linguagem e sociologia, precisa estimular a empatia e o respeito as heterogeneidades culturais, visando desenvolver uma sociedade mais coesa e solidária. Dessa forma, provavelmente, o país deixe apenas no passado as cicatrizes de um sistema opressor.