Criado por Maurício de Souza em 1961 , cebolinha, um dos principias personagens dos quadrinhos da Turma da mônica, possui como principal característica um distúrbio da fala caracterizado pela dificuldade de articular as palavras, isso faz com que muitas vezes o personagem se torne motivo de chacota por todos os seus companheiros. Assim como nas tirinhas, a discriminação linguística ainda hoje causa muito transtorno para grande parte da população brasileira, seja pela deficiência em proferir palavras ou pelas diversas formas de variações linguísticas que o país possui, acarretando em problemas sociais como preconceito linguístico, xenofobia e discurso de ódio. Macaxeira, uaipi, mandioca, esses são apenas alguns termos brasileiros para designar uma espécie de planta,de raízes comestíveis, comum em todo território nacional. Segundo o linguista Marcos Bagno, não existe forma certa ou errada de se escrever ou se expressar, ou seja, existem formas variadas da utilização da língua que podem se modificar de acordo com os costumes, regiões ou grupos sociais na qual o indivíduo está inserido. De acordo com o autor, a gramática normativa é utilizada como instrumento de distinção e de dominação pela população culta. Assim sendo, nota-se que o preconceito linguístico pode ser entendido como uma face do preconceito social,disseminado por milhões de pessoas em todo o Brasil. Além dos problemas relacionados à variação linguística, outro fator que agrava ainda mais a situação refere-se ao esteriótipo criado pela sociedade de caracterizar um determinado cidadão baseado na forma como ele se comunica. Um exemplo claro desse retrocesso social pode ser observado em filmes e novelas que retratam as regiões menos favorecidas economicamente. Todo personagem de origem nordestina é, sem exceção, um tipo grotesco, rústico, atrasado, criado para provocar o riso, o escárnio e o deboche dos demais personagens e do espectador. Nesse caso, muitas palavras pejorativas e depreciativas são utilizadas para determinar a forma como essas pessoas se expressam no seu dia a dia, fazendo com que aumente ainda mais o preconceito e a repugnância das diversas formas de utilização da língua. Dessarte, para seja possível minimizar a intolerância relacionada às variações da linguagem escrita e falada,vale lembrar que todas as variações linguísticas são aceitas e devem ser consideradas um valor cultural, e não um problema. Assim sendo, é dever de pais e professores, junto com o Ministério da Educação, conscientizar jovens e crianças sobre o preconceito linguístico enraizado na cultura brasileira. Isso pode ser feito por meio de palestras e atividades sociopedagógicas em conjunto com profissionais da área da educação. Ademais, cabe ao Poder Legislativo, por intermédio da elaboração de lei federal, tipificar como crime qualquer tipo de preconceito linguístico, pois só assim a problemática sera atenuada , e a influência desses dados será minimizada.