Título da redação:

Braços abertos sobre a linguagem

Tema de redação: O preconceito linguístico no Brasil

Redação enviada em 21/09/2018

O escritor mineiro, João Guimarães Rosa, revolucionou a literatura brasileira com sua linguagem inventiva, sendo um especialista em neologismos. Todavia, no cenário hodierno, nota-se que o uso de neologismos e expressões populares que fogem da linguagem formal, no Brasil, sofrem preconceito por uma parcela da população. Nesse sentido, é necessário encontrar subterfúgios para resolver essa inercial problemática. Cabe pontuar, em primeiro plano, a escola como ambiente propulsor do preconceito linguístico. Nesse contexto, o meio escolar institui o ensino da gramática normativa, à medida que reprime as variações linguísticas populares informais, as quais os alunos estão acostumados a usar no cotidiano. Dessa forma, a ideia de Paulo Freire de que a leitura de mundo deve preceder a leitura da palavra é negligenciada , bem como a linguagem passa, de forma errônea, a ser difundida entre "certa" e "errada", desvalorizando , assim, as variantes da língua, frutos da miscigenação e dos regionalismos, as quais enriquecem e estruturam a diversidade cultural do país. Faz-se mister, ainda, salientar que a coletividade brasileira é estruturada por um modelo excludente imposto pelos grupos dominantes, na qual o indivíduo que não atende aos requisitos estabelecidos sofre uma periferização social. Nessa perspectiva, vê-se que os falantes de dialetos e variantes que divergem da gramática padrão são estereotipados como ignorantes. Como resultado disso, esses indivíduos são descriminados e ridicularizados pela sociedade, para exemplificação do revés, evidencia-se o caso do médico Guilherme Pasqua que, em 2016, foi afastado do Hospital Santa Rosa de Lima, após tirar fotos debochando de erros de português de um paciente. Infere-se, portanto, que o combate aos preconceitos linguísticos, com o fito de garantir a igualdade no âmbito social, mas também a valorização da diversidade cultural, deve tornar-se efetivo. Dessa maneira, é imperativo ao Governo, sendo representado pelo Poder Legislativo, a criação de um projeto de lei que puna, por meio da aplicação de multas, quem cometer o preconceito linguístico. Por fim, compete ao Ministério da Educação (MEC), em parceria com as escolas, implementar aulas, no currículo escolar, que ensinem sobre as variações da língua no país e a importância dessas para a riqueza da cultura nacional, com o escopo de destruir qualquer esteriótipo sobre seus falantes. Dessarte, poderá dizer-se que o Brasil, tal como seu maior monumento histórico, Cristo Redentor, está de braços abertos à todos.