Título da redação:

Boicote linguístico

Tema de redação: O preconceito linguístico no Brasil

Redação enviada em 24/04/2018

A dinâmica de nossa língua expressa diversas marcas socioculturais e, infelizmente, há quem pratique o equívoco de depreciar determinada comunidade por seu dialeto. Combater a esse tipo de comportamento, no entanto, não se constitui como um apoio a desconsiderar a norma padrão da Língua Portuguesa, mas sim como uma legítima valorização acerca da herança cultural das diferentes regiões do Brasil. Em 2010, a estudante de direito Mayara Petruso foi condenada pela Justiça Federal pelo crime de discriminação. A jovem demonstrou certa aversão aos nordestinos em uma postagem na rede social, e tal fato repercutiu expressivamente. Tal aversão, certamente se deve ao fato de os nordestinos fazerem parte da grande maioria dos grupos de menor prestígio social, que inclusive não tiveram acesso à educação. Porém, a língua se ajusta de acordo com a região e necessidade de expressão do falante, que foi forjado linguisticamente pelo contexto histórico, social e cultural. Decerto, são muito comuns, por exemplo, as brincadeiras pejorativas que sobrepõem os grupos de cidade grande em detrimento daqueles que moram no interior, por considerações fúteis de que são mais “adequados” socialmente — quando na verdade as normas que regem a Língua Portuguesa são fundamentais, porém apenas aplicadas com maior rigor em situações de uso formal. É perceptível também as muitas falhas no que diz respeito à metodologia de ensino dos professores de ensino fundamental, pois nota-se que não instruem corretamente os seus alunos para o entendimento legítimo da língua, de modo a explorar os casos situacionais formal e coloquial, sem que os condicionem a certo e errado. Afinal, a função primordial da língua é de comunicar, e esta cumpre o seu papel peculiar e dinâmico quando se manifesta carregada de sotaques, expressões e dialetos, sejam eles caipiras, do Nordeste ou da região mais elitizada de nosso território. Contudo, o desrespeito a essas variações linguísticas é como se anulasse o valor e beleza de nossas raízes culturais. Cabe aos professores, no entanto, desenvolverem o seu papel de orientar corretamente aos alunos. ONGs podem promover eventos que mobilizem toda a população a entender a importância das nuances de nossa língua. E a mídia pode ser igualmente indispensável ao promover campanhas publicitárias que influenciem os indivíduos em respeito a distinção de dialetos. Assim, tudo se resume a nossa própria aceitação, e a solução é tão somente extinguir o ferimento identitário que é causado em cada ato de preconceito linguístico.