Título da redação:

A valorização da multiplicidade da língua como ferramenta de combate ao preconceito

Tema de redação: O preconceito linguístico no Brasil

Redação enviada em 07/01/2018

A extensão territorial brasileira de dimensões continentais, bem como as influências históricas das correntes migratórias contribuíram para a diversidade linguística no país. No entanto, o preconceito linguístico é bastante presente no cotidiano, resultado da ausência de um projeto educacional eficiente que valorize a multiplicidade da língua; além da arraigada associação entre norma culta e prestígio social, reflexo de outros preconceitos presentes na sociedade brasileira. Em sua obra Preconceito linguístico, o autor Marcos Bagno ressalta a falha do sistema educacional brasileiro em ensinar a Língua portuguesa de maneira estática e homogênea. Nesse sentido, o aluno ao estar presente em um ambiente escolar que não contempla as suas particularidades e falares, apresenta dificuldade em compreender as possibilidades de adequação da linguagem. Dessa forma, o cidadão transpõe a visão unidimensional aprendida na escola para as suas práticas cotidianas, consequentemente, dificultando o respeito e aplicação das variedades. Somado a isso, é necessário compreender a linguagem como um mecanismo ideológico e de dominação, questionando a forma como a norma culta como exigência inflexível, corresponde a interesses de setores específicos da sociedade. Tal questionamento já estava presente no projeto modernista, que possuía entre suas principais propostas a valorização dos múltiplos falares, dialetos, gírias como expressão da riqueza cultural da nação, tal como é abordado no poema Pronominais de Oswald de Andrade A acepção da linguagem de forma dinâmica e ampla, portanto, é imprescindível para combater o preconceito linguístico no Brasil. Para tal, as secretárias educacionais devem priorizar o estudo da língua abarcando suas inúmeras aplicabilidades e possibilidades de adequação, medida que pode ser realizada por meio de material didático específico para o assunto, estudo de obras que valorize os dialetos e variações, além de professores capacitados e treinados para abordar a língua de maneira multidisciplinar, contemplando aspectos sociológicos, históricos e políticos.