Título da redação:

A quebra da linguagem solida!

Tema de redação: O preconceito linguístico no Brasil

Redação enviada em 02/10/2018

No documentário “Línguas: Vidas em Português”, o escritor Jose Saramago defende que não há uma língua portuguesa, mas várias línguas em português, visto que cada pessoa tem um modo de falar diferente, considerando questões históricas, geográficas e sociais. É recorrente, contudo, que essa compreensão sobre a língua ainda não é difundida por toda a sociedade, sendo evidente a problemática do preconceito linguístico em notícias como a do médico que satirizou e diminuiu sua paciente pela sua comunicação. Nessa perspectiva, cabe analisar a língua como forma de segregação e o ensino precário das instituições. Historicamente, a colonização brasileira foi um processo de ampla imposição, que incluía a substituição dos falares tradicionais indígenas pelo português, que seria dito como evoluído e privilegiado. De forma análoga, a mídia com seu alto poder de influência continua esse processo de segregação, quando coloca personagens regionais do norte e nordeste com falares simples e cheios de sotaques em posições inferiores aos de classes altas, que possuem normalmente uma comunicação mais rebuscada e neutralizada. Outrossim, é importante enfatizar que a escola ainda tem um ensino errôneo da língua, de modo que somente a variedade padronizada é ensinada e aceita. Essa concepção de uma língua solida, contrapõem as ideias do filosofo e estudioso polonês Sygmunt Bauman, fazendo com que a sociedade liquida prevista não seja de fato real nesse segmento, o que limita e exclui diversos indivíduos. Destarte, intervenções são necessárias para combater esse impasse. Primeiramente, o Ministério da Educação deve implantar no currículo aulas semanais sobre variedade linguística e preconceito em formas de palestras e rodas de conversa, afim de conscientizar e ampliar a concepção de língua do estudante. Além disso, é fundamental que produtores de filmes e novelas modifiquem os papeis e as posições de determinados grupos, transmitindo ao público que existe uma diversidade e que ela deve ser acolhida sem separações. Com essas medidas, faz-se finalmente a quebra da linguagem solida.