Conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil apresenta a maior relação entre cesáreas por partos entre os países pesquisados, sendo o número maior que o dobro do recomendado pela OMS. Isso torna a prática abusiva da cirurgia cesariana um problema de saúde pública no Brasil. Ao contrário do parto normal, a cesárea é uma intervenção cirúrgica e portanto apresenta vários riscos à paciente, como a formação de um quadro infeccioso pós parto. Outra desvantagem causada pela cirurgia é que a recuperação da gestante é mais longa, o que faz que a mãe fique impossibilitada de prover os primeiros cuidados ao recém nascido, deixando-o vulnerável ao aparecimento de doenças. Isso também causa uma ocupação prolongada dos leitos, sobrecarregando o Sistema Único de Saúde (SUS). Por conseguinte, os custos de uma cesárea são bem maiores que o de um parto normal, causando o desvio de recursos escassos de outras áreas do SUS que poderiam ser empregados de outra forma. Portanto, governo e sociedade devem agir com firmeza e rapidez para lidar com esse problema. Um incremento no acompanhamento pré natal com ênfase no esclarecimento das gestantes quanto aos riscos e benefícios dos tipos de parto, assim como a motivação das equipes médicas através de uma maior remuneração pelo parto normal, visto que o mesmo demanda um maior tempo da equipe, são medidas que devem ser postas em práticas imediatamente. Concomitantemente, a rede hospitalar do SUS deve se adequar ao aumento da incidência de partos normais com a disponibilização de mais leitos e equipes médicas à postos para atender gestantes em trabalho de parto. Sem ter o objetivo de esgotar o assunto, que é complexo e desafiador, medidas como as supracitadas já formam o início de uma política razoável e eficiente para reduzir a quantidade de cesáreas no Brasil.