Título da redação:

Mulher, parto e liberdade

Tema de redação: O parto como questão de saúde pública no Brasil.

Redação enviada em 07/08/2015

“Não se nasce mulher, torna-se”. A célebre frase da filósofa Simone de Beauvoir diz muito sobre a figura da mulher em poucas palavras. Em suma, o que ela significa lá no fundo é que não é apenas o sexo biológico que determina que a mulher é mulher, mas a absorção de construções sociais e de papéis de genêro ao longo da vida da menina. E um desses papéis é o de que a mulher deve, necessariamente, ser mãe ao longo da vida para ser encarada como uma mulher “real”, mulher “de peso”. Ser mãe envolve o incrível e natural processo da gestação, que é o que sustenta a humanidade. Apesar de natural, esse processo, como tudo que está em contato com a sociedade, foi sendo modificado e cada povo e tempo têm seus costumes em relação à ele. As índias davam a luz de acordo com a natureza, agachadas. Na Europa, durante a Idade Moderna, algumas mulheres passavam os 6 últimos meses apenas deitadas para garantir o nascimento da criança. Nos Estados Unidos, o parto normal com assistência médica sempre predominou, e no Brasil, a cirurgia cesariana. A cirurgia cesariana, inicialmente, era emergencial. Ou seja, caso a mulher ou o feto tivessem algum problema na hora do parto natural, os médicos partiam para a cesárea. Com o tempo, esse procedimento foi adotado como padrão no Brasil, uma vez que é mais cômodo para o médico e para a mulher. No entanto, a recuperação após a cirgurgia é muito mais demorada e dolorosa. O processo envolve vários riscos e vai na contramão da natureza do corpo. A OMS recomenda uma taxa não muito grande desse procedimento por país, e o Brasil está muito acima dela, o que pode ser preocupante. É completamente compreensível a mulher preferir a cesárea por temer a dor do parto, e toda mulher deve decidir como prefere dar a luz. Mas todas as mulheres também devem ser informadas minunciosamente sobre como funciona cada procedimento, e inclusive terem a opção de realizar um parto humanizado, com luz no semi foco, música ambiente e óleos essenciais, o que é um incentivo à opção do parto normal. Programas de conscientização da mulher dentro das escolas privadas e públicas devem acontecer. Uma disciplina focada nesse assunto nas faculdades de medicina é essencial. A liberdade da mulher deve sempre ser preservada.