Título da redação:

Mitos e medo levam grávidas a escolherem cesárea

Tema de redação: O parto como questão de saúde pública no Brasil.

Redação enviada em 27/08/2015

O Brasil, atualmente, lidera o ranking do país que mais realiza cesárias no mundo, chegando a ter mais da metade de seus partos por via não natural. É um número alarmante que deve ser discutido de forma séria, não só por profissionais da área da saúde, e sim por toda a sociedade. Mas para esse debate acontecer é necessário motivar e desmistificar questões envolta do parto vaginal, principalmente para as futuras mamãe. A maioria das grávidas preferem parto natural no início da gestação, mas desistem por falta de informação, motivação e medo. Segundo pesquisa da Fiocruz, um terço das mulheres que optaram por cesariana desde o início da gestação o fizeram por medo da dor do parto normal. E o que mais chama atenção é que 70% das mulheres pesquisadas desejavam um parto vaginal no início na gravidez. A pesquisa ainda revela que poucas foram apoiadas na decisão e uma das hipóteses para a mudança seria o tipo de orientação recebida no pré-natal. Essa orientação também pode ser notado pelo documentário “O renascimento do parto”, onde mães contam suas experiências com o parto e como alguns médicos influenciam as gestantes a escolherem uma cesárea. Há uma série de mitos em volta do parto normal. Como mostra a pesquisa da Fiocruz, o desejo pelo parto normal é grande, mas há acontecimentos ao longo da gravidez que desmotivam as gestantes a continuarem com a ideia; e o mais evidente deles é a influência médica. Sofrimento e dor fetal; teoria do cordão circular, que é quando o cordão umbilical está envolto no pescoço do bebê; falta de estrutura física da grávida para realizar um parto vaginal; e principalmente dor, são alguns dos mitos comuns reproduzidos em consultórios que, na maioria dos casos, levam as futuras mamães optarem pela cesárea por medo de colocarem o bebê e a própria vida em risco. A cesariana é uma ferramenta ótima e salva muitas vidas, mas quando realizadas sem necessidade envolve riscos que podem ser evitados. O parto normal ou natural, como o próprio nome diz, é um evento fisiológico natural e normal que a maioria das gestantes e seus bebês podem realizar tranquilamente sem qualquer intervenção médica; Já o parto realizado por uma cesárea, o bebê e a mãe se submetem a um procedimento cirúrgico, de forma que assumem riscos, tal qual como qualquer outra cirurgia. E dentre eles pode-se evidenciar riscos de infecções; recuperação mais complicada e demorada; e principalmente risco da criança em desenvolver alguma doença por conta da prematuridade, uma vez que na maioria dos casos há um agendamento do dia em que a cesárea será realizada e o procedimento ocorre sem que a grávida entre em trabalho de parto. Se não há trabalho de parto é porque o bebê ainda não mandou a mensagem que está pronto pra nascer, o que deixa evidente a possível prematuridade. Há uma necessidade em se repensar não só a forma de nascimento no Brasil, mas a forma como os médicos se relacionam com a população. A gestante não é vista só como uma paciente, mas também como uma cliente - essa relação de clientelismo não é evidente só na rede privada -, a atual situação dificulta a troca de informação e a humanização nos atendimentos. O que cabe ao Ministério da Educação discutir o formação médica para as próximas gerações. Recentemente o Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) anunciaram a necessidade em se estimular o parto normal no Brasil; a princípio fica a cargo dos ginecologistas e obstetras já atuantes a repensarem qual o impacto que essa quantidade de cesáreas têm e descontruírem os mitos e dúvidas envolta do parto natural. De forma efetiva, isso pode ser realizado no cotiado na sala do consultório, mas também em campanhas de conscientização dos riscos de uma cesárea desnecessária.