Título da redação:

limites que ultrapassam o bom senso

Tema de redação: O parto como questão de saúde pública no Brasil.

Redação enviada em 10/03/2019

O ato de parir é inerente a mulher, fazendo assim, parte do processo fisiológico da reprodução, a qual se inicia na fecundação e finda-se com o nascimento. Na antiguidade, as mulheres davam a luz, em posição vertical – ajoelhadas, em pé ou de cócoras-, como aconteciam em algumas tribos indígenas no Brasil, Peru e México, por exemplo. Porém, o que deveria ser algo natural, tornou-se cada vez menos freqüente, visto que os números de cesáreas aumentaram demasiadamente nos últimos anos. A cesárea é, de fato, de fundamental importância, desde que sua prática não ultrapasse o bom senso, isto é, em momentos que exigem a intervenção, como quando a gestação apresenta riscos de vida para mãe/bebê, por exemplo, tal prática não só pode, como deve ser admitida. Contudo, a situação torna-se uma problemática quando usada de forma desenfreada e irrelevante, como acontece hodiernamente, pois, segundo as estatísticas, o Brasil é um dos países que mais realiza cesáreas desnecessárias, no mundo. As estatísticas em relação a essa intervenção cirúrgica deveriam manter-se em torno de 15%. Entretanto, já ultrapassou os 55%, conforme a OMS. Números altamente preocupantes, principalmente quando comparados aos da Índia, onde os números de cesarianas não passam dos 9%. Decerto, deve-se analisar todo o contexto, principalmente diante da precariedade da saúde pública em nosso país, pois, se por um lado há um número crescente de cesáreas sendo realizadas sem haver uma necessidade real, por outro, similarmente, os números de óbitos de feto em decorrência de negligência médica, são também muito assustadores. Por conseguinte, o medo de serem negligenciadas, indiscutivelmente, tornou-se um amplo contribuinte para a prática indiscriminada de cesáreas. Fica evidente, destarte, que o parto natural precisa ser viabilizado novamente. Cabe ao CRM – Conselho Regional de Medicina -, promover ações que irão reprimir tal prática, solicitando aos obstetras relatórios detalhados, os quais devam constar os motivos pelos quais a realização da cesárea fez-se necessária. Cabe também ao Ministério da Saúde, oferecer maior segurança às futuras mães, disponibilizando monitores fetais – aparelhos que monitoram os batimentos cardíacos do feto – nas maternidades, além de promover capacitação aos profissionais de saúde dos PSF’s – local de acolhimento e estratégia da saúde familiar-, e esses, por sua vez, deverão transmitir conhecimentos sobre parto normal e humanizado às gestantes, através de palestras, nas quais poderão sanar dúvidas no tocante a isso, além de disponibilizar acompanhamento gestacional de qualidade, para que eventuais riscos possam ser avaliados. Assim sendo, os receios serão extintos, os números de intervenções cirúrgicas nos partos, irão decair e a cultura do parto normal será restabelecida.