Título da redação:

Desapegue-se do bisturi

Tema de redação: O parto como questão de saúde pública no Brasil.

Redação enviada em 22/08/2015

Fecundação, gravidez, nascimento. Três experiências naturais à qualquer mamífero, agora controladas por avanços da medicina. Em um mundo onde tempo é dinheiro, cesarianas estão se tornando padrão: são relativamente simples e diretas ao ponto, ou seja, livres de longas esperas e suas contrações. Contudo, cesáreas são dispensáveis na maioria dos casos e pertencem à classificação de necessidade médica; do contrário, há perigo por trás de qualquer cirurgia e estes não podem ser evitados nem devem se ignorados. A princípio, vale ressaltar que, segundo a OMS, intervenções ao parto normal só devem ser feitas em última instância, quando qualquer outra alternativa tenha sido descartada. Contudo, a comodidade da cirurgia programada atrai cada vez mais mulheres à cesariana; o que se deve à fatores como a falta de leitos e incerteza da segurança obstetrícia na iminência do nascimento. Em casos de mães seguras sobre a escolha do natural, ainda há a possibilidade de que sua opção seja sabotada pela equipe médica, que a convence da rapidez e conforto cirúrgicos, o que apenas favorece a rotina hospitalar. Somado a isso e tomando como base inúmeras pesquisas, sabe -se que não há como uma cirurgia ser mais segura que o parto normal. Dados apontam que o risco de morte materna aumenta em dez vezes quando há intervenção cirúrgica e que os riscos ao bebê também se elevam, sendo maiores os índices de óbito, nascimento prematuro, doenças respiratórias e até obesidade. A falta de conhecimento sobre esses perigos leva as mães a optarem por uma opção menos segura, muitas vezes por não receberem incentivos durante a gravidez e pelo histórico de descaso de muitos profissionais que não lhes dão o devido apoio na hora de dar à luz. É de fácil percepção, portanto, que a periculosidade da intervenção operatória em nascimentos é real e deve ser evitada. Sendo o Brasil o país com a maior taxa desse tipo de procedimento, o governo deve intervir na redução desses números, atuando na criação de leis que limitem a quantidade de cesarianas por instituição hospitalar. Além disso, ONGs podem investir em campanhas de conscientização sobre a realidade do parto natural, instruindo as mães durante o período pré-natal. Por fim, deve haver investimento em saúde pública por parte do Estado, a fim de estabelecer suporte aos médicos e pacientes nos momentos emergenciais. Talvez assim restaure-se a naturalidade do primeiro suspiro: com mais amor e menos bisturi.