Em sua obra “Admirável mundo novo”, Huxley apresenta embriões produzidos em laboratórios e fetos que se desenvolvem em tubos, não existe mais o conceito de gravidez e nascimento na sociedade, o que é considerado um grande avanço. Atualmente, é possível que estejamos caminhando para um futuro semelhante, onde a natureza é omitida pela interferência da tecnologia e gestantes se negam a ter seus filhos de forma natural, para evitar a dor do acontecimento. Se em “Admirável mundo novo” a razão era tecnológica, em nossa sociedade parece ser financeira e acima de tudo, cultural. A popularização da cesárea se deve a inúmeros fatores culturais que, muitas vezes, a sociedade impõe. Como as elevadas taxas de automedicação, que demonstram uma cultura de evitar a dor a todo custo, o que se reflete nos partos. Juntamente, há a mídia extremamente negativa em cima do parto natural, demonstrando-o como um acontecimento traumatizador, gerando nas mulheres uma resposta que se aproxima do medo e do pavor. Conjuntamente, há a falta de informações sobre o parto normal e sobre a cesárea para as gestantes. Informações estas que deveriam ser passadas em hospitais, clínicas e por profissionais da saúde, sendo muitas vezes omitidas das mulheres por questões financeiras e práticas. Portanto, uma resolução dificilmente mudará o quadro atual de nascimentos, visto que as questões financeiras são o principal estopim para a grande taxa de cesáreas, médicos e hospitais continuarão a realizar procedimentos desnecessários frente à vontade e ao pagamento das gestantes. A questão do parto é, portanto, uma problemática que deve ser discutida no Brasil. Porém, considerando a natureza democrática do Estado brasileiro, não se pode obrigar as futuras mães a escolher o parto normal. Um resultado se dará pelas melhores informações e conhecimentos passados à gestante, uma desmistificação da dor e de traumas do parto por médicos e pela mídia e um acompanhamento psicológico da mulher durante toda a gravidez.