Com base na teoria materialista de Francis Bacon, segundo a qual o conhecimento científico deveria ser utilizado para promover o bem estar do ser humano, o homem passou a interferir nos diversos âmbitos da natureza, inclusive nos fenônemos fisiológicos da própria espécie. Dentre esses, destaca-se o parto, o qual, atualmente, tem sofrido intenso processo de desnaturalização, sobretudo no Brasil. Essa situação causa impactos na saúde pública do país e, por isso, merece a devida atenção. Conceber um filho sempre fez parte da natureza humana em toda a sua história. Em virtude disso, a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que o método cirúrgico de parto (cesariana) seja restrito aos casos de gestação de risco, o que corresponde a uma taxa de 15%. Em contrapartida, no Brasil, esse tipo de procedimento responde por mais da metade do percentual de partos, fato que coloca o país como líder no ranking mundial dessa prática médica. Tal conjuntura sobrecarrega o sistema público de sáude não somente pelo grande número de cesarianas desnecessárias, mas também devido a onerosidade dessa operação. Vale ressaltar que o problema persiste por conta de uma cultura, arraigada no Brasil. de repúdio à dor do parto. Segundo uma pesquisa da Fiocruz, cerca de 70% das mães consultadas gostariam de dar à luz de forma natural, porém preferem atenuar os possíveis efeitos do parto normal optando pelo método artificial. Ademais, outro fator que contribui para a disseminação crescente dessa cirurgia é a orientação médica, muitas vezes, motivada tão somente pela rapidez do procedimento, bem como pela remuneração, em detrimento das reais condições físicas da grávida. É diante dessas circunstâncias que o Estado deve aplicar medidas para reverter tal quadro preocupante. Portanto, com o intuito de desmistificar o parto vaginal, é papel do governo instruir a população acerca dos benefícios do parto normal, bem como alertar sobre os problemas relacionados ao abuso do número de cirurgias cesarianas. Isso pode ser feito através de informativos nas mídias sociais, como a internet, a fim de alcançar um maior público de gestantes. Além disso, o Ministério da Saúde pode promover nas Unidades de Saúde, uma campanha de incentivo ao parto humanizado, praticado sem intervenção cirúrgica e que é bastante difundido na Holanda.