Título da redação:

A deturpação da cesárea

Tema de redação: O parto como questão de saúde pública no Brasil.

Redação enviada em 01/09/2015

O surto de cesarianas, no Brasil, inicia-se nos anos 70, quando essa técnica passou a ser vendida como solução de cirurgia única para a esterilização. Desde então, o número da ocorrência dela cresceu de forma exponencial, a ponto de se tornar um problema de saúde pública. Claramente, essa modalidade de parto ajuda a salvar vidas, o seu atual uso desnecessário, porém, pode surtir efeito contrário. Tal abusividade dessa prática está relacionada com o desenvolvimento do sistema capitalista, já que cesarianas são, para os médicos, mais lucrativas. Isso acontece pois enquanto um parto natural pode durar 12 horas, através do outro modo não passa de 3 horas, porém ambos valem o mesmo preço no mercado profissional. Dessa forma é mais proveitoso realizar mais cirurgias em menos tempo e, consequentemente, ser mais bem remunerado. Isso traz à tona a filosofia de Marx sobre o fetichismo de mercadoria, que, dentre outras coisas, falava sobre tudo se transformar em mercadoria, até mesmo o que é de mais humano. Além disso, nota-se um medo comum, por parte das mulheres, para com a maneira normal de se parir. De fato é um processo doloroso, porém o que agrava isso são as técnicas “rudimentares” do sistema brasileiro envolvidas nesse método, como, por exemplo, realizar os procedimentos com a gestante deitada, ao passo que os especialistas indicam o agachamento como melhor opção para facilitar a saído do bebe e, assim, a diminuição das dores. Isso alimenta uma cultura popular de medo, aumentando a procura pela cesárea. Apesar disso, deve-se considerar que a cesariana é importante para as gravidezes de risco, como quando o bebê ou a mãe correm risco de vida, normalmente relacionado a doenças genéticas ou a complicações da gestação. Dessa forma, ela é importante nesses casos emergenciais, já que não se trata mais de regalias ou interesses, mas sim da vida de uma pessoa. Diante disso, torna-se importante se utilizar mais do parto natural. Para isso, o Conselho Federal de Medicina poderia estabelecer remunerações diferentes para os dois procedimentos, de modo a inviabilizar tramites médicos. É necessário, também, redinamizar as técnicas usadas, para tal, os hospitais devem capacitar seus funcionários e comprar equipamentos que ajudem nisso. Assim, os bebês poderão ter seu modo de chegar ao mundo da forma normal, a mesma que está defasada desde os anos 70.