Título da redação:

A desnaturalização do parto

Tema de redação: O parto como questão de saúde pública no Brasil.

Redação enviada em 08/08/2015

A saúde pública brasileira enfrenta sérios problemas. O setor tem sido alvo de severas críticas, por parte da sociedade, que reivindica melhoria na qualidade do serviço prestado. Dentro dessa temática, destacamos aqui a questão do parto como um grave problema de saúde pública, visto que a desnaturalização do parto é um fenômeno que afeta, não só o Brasil, mas o mundo. Por isso, faz-se necessária a adoção de políticas públicas que incentivam a realização do parto normal (natural) com o objetivo de reumanizar essa prática, fomentando a qualidade no atendimento. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil é, atualmente, o único país do mundo a ter mais da metade dos nascimentos realizados por cesariana (53,7%). Todavia, a referida organização recomenda que a taxa desse tipo de cirurgia gire em torno dos 15%. Por isso, hoje, o país vive uma epidemia de cesarianas – desnecessárias – que comprometem o orçamento anual da saúde e põe em xeque o desafio de oferecer um serviço de qualidade, sobretudo, para as populações mais carentes que sofrem com a falta de atendimento médico adequado. No entanto, é preciso salientar que o parto cesáreo é fundamental nos casos de risco, ou seja, quando a realização do parto normal compromete a vida da mãe, do bebê ou ambos. Assim, devemos nos preocupar com a cultura que se criou em torno do nascimento e, com isso, fomentar um novo pensamento que recoloque o parto natural no centro das atenções, fazendo com que o cesáreo se torne uma exceção, não uma regra. Deve-se promover, portanto, um acompanhamento integral e humanizado à gestante, no qual ela possa receber o acolhimento e todas as informações necessárias ao período gestacional e o parto. Para isso, faz-se necessária a adoção de políticas públicas que promovam tal resultado, haja vista que o acompanhamento pré-natal deva ser realizado por uma equipe multiprofissional com foco na gestante, não no médico. Outra mudança deve passar pelas faculdades de medicina e enfermagem – que formam os profissionais – bem como pela transformação radical do sistema de saúde no que tange a forma de pensar, de fazer e de agir, em torno dessa problemática.