Título da redação:

A (Des) Humanização do parto

Tema de redação: O parto como questão de saúde pública no Brasil.

Redação enviada em 19/10/2015

O protagonista de Memórias Póstumas de Brás Cubas, obra de Machado de Assis, ao final do romance diz que haveria um ponto positivo em sua vida: justamente não ter deixado filhos, não ter transmitido a nenhuma “criatura” o legado de nossa miséria. Séculos depois, infelizmente este conceito ainda galga pela humanidade. Prova disso, se dá pela substituição da ética pelo lucro pragmático atual. Visto que, a humanidade do indivíduo é posta em segundo plano, se comparada a abominável indústria do parto. Primeiramente, é válido ressaltar que a gravidez no Brasil do século XXI virou uma doença, um lucrativo mercado de remédios e cirurgias desnecessárias. De maneira que, o parto natural ou humanizado passa a dar lugar para o cesariano. Os profissionais de medicina alegam que o parto cesariano se tornou um procedimento mais seguro para a mãe em razão de evitar a dor, possíveis infecções ou até mesmo a morte. Todavia, o manual de obstetrícia revela que todos estes erros só acontecem por uma sucessão de erros médicos, como substituir o médico do pré-natal da gestante, por outro, por exemplo. Nesse sentido, pode-se observar também os altos lucros obtidos pelo parto cesáreo, bem como seu “fácil” procedimento, e ainda, à possibilidade de agendação do nascimento do bebê. Em contrapartida, já o parto natural leva cerca de 10 horas na primeira gestação. Como também possui uma necessidade de que o centro cirúrgico e uma equipe de médicos fique a disposição da paciente – o que demanda tempo. Sendo assim, fica claro que o parto cesariano pode ser realizado em “série”, se invertendo dessa forma, os valores. Pois o tempo mais importante passa a ser o do médico, e não o do bebê. Desse modo, segundo dados da Organização Mundial da Saúde, o Brasil é o país que mais faz cirurgias cesarianas no mundo, sendo 52,2% de todos os partos realizados. Portanto, cabe ao governo que este crie campanhas que “humanizem” o parto normal. Tendo como aliada a mídia, na qual, sendo uma importante formadora de opinião, também pode criar propagandas informando as mulheres a respeito das diferenças entre os partos. Por fim, é de responsabilidade governamental, ainda, que este fiscalize os abusos cometidos por grande parte dos hospitais, que são responsáveis por “coagir” a gestante a fazer o parto cesáreo, valendo-se da ajuda das mesmas, para denunciarem. Somente assim o legado da nossa miséria tão abordada por Machado de Assis, pode se abster ao livro.