Título da redação:

A Corrupção na Saúde

Tema de redação: O parto como questão de saúde pública no Brasil.

Redação enviada em 27/08/2015

O parto deveria ser o momento mágico a partir do qual o bebê vem ao mundo, o clímax para o qual a mãe e seus familiares se preparam por nove meses. No Brasil, porém, ele é comercializado por motivos egoístas. Dentro do sistema capitalista voltado ao lucro, que se aproveita da ignorância e da impotência da população, até a vida humana se tornou moeda nas mãos dos profissionais da saúde. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que apenas 15% dos partos realizados sejam cesáreas, e esta é a média global. Isto porque a cesárea é mais danosa ao corpo da mãe, que precisará de uma quantidade de tempo maior para a recuperação. Terá que cuidar de si mesmo, em vez de cuidar da criança. Ao Estado, significa que a cesárea é mais custosa, devido á internação. O Brasil, entretanto, está longe destes parâmetros. A própria OMS afirma que 52% dos partos brasileiros são cesáreas. No Sistema Único de Saúde, o índice de 27% já é insatisfatório, mas na iniciativa privada ele é realmente absurdo: apenas 16% dos partos em hospitais privados são vaginais. Assim, a OMS estima que 11% das cesáreas desnecessárias do mundo são brasileiras, 560 mil anuais, em números absolutos. A principal causa disso recai nos médicos. 70% das mulheres grávidas começam a gestação com desejo por parto normal e mudam de ideia, sugerindo orientação para tanto. Em defesa própria, estes profissionais exigem remuneração diferenciada para cesáreas (mais curtas) e partos vaginais, com indicação de pagamento por hora. Estes médicos esqueceram suas obrigações como profissionais: proteger a saúde mental e física de pessoas. Em vez disso, priorizam o lucro. Para manterem a extorsão da sociedade, os mais mesquinhos foram além: convenceram a maioria dos brasileiros de que as cesáreas são modernas e melhores; fizeram uma propaganda negativa sobre o parto tradicional, taxado de longo e doloroso em comparação. Este mito não corresponde à realidade, pois ambos os procedimentos contam com analgesia moderna. Às mulheres mais perseverantes em busca pelo parto vaginal restam poucas opções. Estas são negligenciadas, e muitas vezes deliberadamente sabotadas, pelos médicos mercenários da saúde. Cabe ao Brasil a efetiva punição destes desumanos, algo que não é fácil. Por gerações, a medicina foi elitizada no país, restrita aos abastados (com notáveis ressalvas), muitas vezes associados à política. Assim, a medicina se tornou uma profissão poderosa e supervalorizada social e economicamente. Em curto prazo, a punição àqueles que se corromperam por esse sistema é necessária para a justiça. Em longo prazo, entretanto, a melhor atitude é a facilitação do acesso ao diploma de médico, para que o critério de escolha da profissão seja a afinidade real e não sua rentabilidade.