Estádios exuberantes. Hotéis luxuosos. Novas frotas de táxis circulantes. Todos esses são frutos da preparação brasileira para sediar a Copa do Mundo de 2014. Todavia, o evento não trouxe apenas modernização na infraestrutura e alegria ao torcedor fazendo com que seja necessária uma reflexão social sobre o legado dessa escolha. Diante disso, dois fatores não podem ser negligenciados: a intenção governamento quanto ao pleito e como as benfeitorias são utilizadas após três anos do mundial. Acerca da nomeação brasileira, é relevante efetuar uma relação direta com o processo de globalização além da posição do Estado no cenário financeiro desde a última década. Primeiramente, lancemos mão do avanço comercial nacional que culminou em diferentes inserções do país em blocos econômicos distintos, a exemplo do BRICS (união entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) que certamente foi crucial para a o país receber o título de país cede. Afirma-se isso levando em consideração a nomeação passada da parceira África do Sul e a futura cede das olimpíadas ser o país chinês. Em suma, os sorteados vem afirmando o interesse internacional nas nações emergentes. Consoante a isso, nem mesmo o status de economia promissora aliada ao interesse pelo investimento externo foram capazes de silenciar a tendência à corrupção nacional e, consequentemente, evitar a herança negativa deixada pelo evento. Dessa realidade resultaram em casos de desvio de recursos, enriquecimento ilícito de alguns governantes e obras atualmente sucateadas. Ratifica-se essa afirmação ao observar o estado que encontram-se as arenas de Manaus e Cuiabá, onde suas construções se deterioram com efeito do tempo, desuso e má gestão. Com isso, nota-se que substanciais investimentos nesses setores não são aproveitados pelas comunidades locais. Entretanto, esse cenário pode ser alterado com uma união entre setor público e sociedade. Em primeiro lugar, cabe ao Ministério da Cultura destinar parte de sua receita federal para conservação das arenas, bem como financiar amostras culturais ali afim de fomentar o interessa da população pelas diferentes formas artísticas. Ao mesmo tempo, é de responsabilidade das escolas nutrir a criticidade individual de seus alunos ao ofertar disciplinas com fins reflexivos e sociais, como a sociologia. Por fim, tomando como mote o pensamento de Eça de Queiroz que defende a constante troca de políticos e fraldas, ambos pelo mesmo motivo, o cidadão deve utilizar-se do direito ao voto como forma de evolução política e mudança nacional, prezando por estudar a história do candidato e de seu partido em todas as eleições. Assim, poder-se-á afirmar que a capacidade brasileira em reverter o triste legado deixados interesses políticos disfarçados de enaltecimento patriótico em 2014.