Grandes eventos vêm com grandes responsabilidades. Não foi diferente com a Copa do Mundo; o maior evento esportivo do ano seria sediado pelo Brasil, um país rico de pobreza e de corrupção. Por isso, antes e depois dos jogos, as críticas eram constantes: o que um evento tão caro como tal traria de bom para um país como o Brasil? Qual seria o legado deixado pela copa em um país que precisa de mais dinheiro investido em educação e saúde e menos para construção de estádios? A Grécia é um ótimo exemplo para responder essa pergunta. O país original dos jogos olímpicos sediou os mesmos em 2004, promovendo um grande espetáculo para o público internacional. Os gregos, porém, hoje vivem uma intensa crise econômica. O povo que deveria olhar para os jogos com orgulho, hoje apenas os olha com raiva. Lixo, esgoto e pó assolam as arenas. Se os gregos, uma das mais antigas civilizações europeias, tiveram problemas em administrar o legado de uma importante competição esportiva, o que fará os brasileiros, uma sociedade que praticamente engatinha, robusta de corrupção? Como afirma o professor da Universidade do Colorado, Jay Coakley, “os olhos do mundo estarão no Brasil e isso faz o Brasil se sentir bem. É um bom sentimento, mas é temporário...”. Esse sentimento já está passando, e cada vez mais vemos o legado olímpico sendo negativo. Seis meses depois da Copa, as instalações de alguns locais estão paradas, como o Estádio Mané Garrincha, em Brasília. A população não enxerga mais a copa com os olhares positivos e negativos, como antes; vê nela agora somente um gasto a mais, muitas vezes apenas um pretexto para o desvio de verba pública, que poderia ser utilizada em áreas como saúde e educação. A Copa do Mundo deixa, de fato, um legado. Resta à sociedade administrar esse legado de maneira correta para que não chegue na situação grega, por exemplo. Por isso é importante que os governos dos estados e o federal juntem-se e procurem maneiras diversificadas de utilizar os estádios. É necessário também que a população atualize-se constantemente a respeito dessas utilizações, e que cobre dos responsáveis êxito. Esportistas e atletas devem procurar utilizar esses espaços à medida do possível para representar as categorias brasileiras no âmbito internacional. Por fim, cabe à população do Brasil, principalmente, o controle desses espaços, não propagar nele o vandalismo e incentivar o governo a utilizar das mais criativas maneiras o que foi deixado pela Copa do Mundo.