Título da redação:

O falso legado da Copa

Tema de redação: O legado da Copa no Brasil: positivo ou negativo?

Redação enviada em 09/07/2017

Ao longo da transiçaõ para a década de 2010, o desenvolvimento brasileiro centrava-se ao redor de uma grande conquista: a condição de sede para a Copa do Mundo. Considerada, então, a oportunidade definitiva de alavancar o crescimento do país, esse empreendimento revelou-se de modo muito mais negativo. A verdade, afinal, é que a execução desse evento, no Brasil, foi antagônico ao progresso socioeconômico, seja pelos gastos financeiros extremados, seja pelo destino dos lucros gerados. Esse balanço negativo é evidenciado, logo à primeira vista, pelos estrondosos gastos públicos, de modo injustificável, com a estrutura para o evento. A base desse problema é o modelo de capitalismo simbiótico, surgido na década de 1990, no Brasil, com os governos de FHC e Collor, cujo fundamento é a estreita relação entre o poder político e o empresariado. Por meio das grandes empreiteiras, essa simbiose levou ao amplo sistema de fraudes que abasteceu os projetos públicos, de modo que muitos deles custaram até 4 vezes mais do que deveriam, quando comparados a construções similares. Desse modo, além de substituírem possíveis investimentos sociais, esses gastos desnecessários - cuja lucratividade foi insuficiente - contribuíram para a institucionalização da corrupção no Brasil. Paralelamente a isso, observa-se o modo pelo qual os lucros bilionários com o evento não foram retidos no Brasil. Por se tratar de uma organização privada, a maioria esmagadora desse capital foi emitido à sede da empresa criadora, a FIFA. Investigações sobre a empresa, em função de um recente escândalo de corrupção, revelam que a organização obteve lucro de 16 bilhões de reais, dos quais apenas cerca de 2% permaneceram no Brasil para o financiamento da infraestrutura. Assim, percebe-se que a antiga promessa de que as verbas provenientes da Copa abasteceriam o desenvolvimento do país fora sempre uma grande ilusão. Diante de tais prejuízos econômicos, é necessário tornar o legado da Copa em um desenvolvimento social. O uso dos estádios como locais de ensino e práticas esportivas gratuitas e acessíveis, por meio de ONGs, pode atenuar os efeitos da marginalização social, por exemplo. Já em relação às perdas financeiras pelo evento, é papel da Justiça brasileira condenar políticos e empresários que participaram de esquemas de corrupção, de modo a indenizar a sociedade pelos desvios, e, além disso, instituições como o Ministério do Turismo podem cobrar da FIFA o auxílio no financiamento das arenas construídas, visto o tamanho dos benefícios que obteve.