Faz parte do homem viver em sociedade. Para tanto, regras e leis foram criadas, todas visando o aprimoramento do convívio social. Contudo, é fato que inúmeras vezes essas normas são desrespeitadas, deixando as estruturas sociais vulneráveis ao caos do individualismo. O trânsito é um dos principais palcos dessa peça de horror. Nele, o desrespeito e a imprudência proporcionam finais geralmente trágicos. No Brasil, a terceira maior causa de morte são os acidentes de trânsito. Vários são os motivos para números tão expressivos, porém a irresponsabilidade, o desrespeito às regras e a falta de educação do condutor são fatores fundamentais para a ocorrência dos 90% de acidentes evitáveis nas vias brasileiras. Para explicar tamanho desrespeito é preciso entender a formação cultural brasileira. Basicamente aristocrática em seu início, a sociedade brasileira vê na obediência às regras a inferioridade, afinal, durante a escravidão somente o considerado inferior, escravo, devia obediência ao senhor. Além disso, o individualismo se sobrepõe ao coletivo, e o respeito dá lugar à malandragem e ao famoso “jeitinho brasileiro”. Em conjunto, esses fatores tornam-se uma mistura perigosa para milhares de vidas. Em tese, a questão cultural é o fator preponderante no andamento do trânsito. Infelizmente o brasileiro traz de berço traços de desrespeito às regras. Entretanto é possível amenizar tal situação. Por meio de campanhas criativas via internet, TV e rádio, o Estado pode trazer à luz as maneiras corretas de comportar no trânsito. Ainda, é possível por meio de palestras obrigatórias, após a conclusão do curso de direção, apresentar os riscos de uma direção imprudente e desrespeitosa aos jovens condutores. Dessa forma, pode-se fazer reviver o homem social que há muito morreu no trânsito brasileiro.