Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: O ensino da história e cultura africana no Brasil: conquistas e desafios

Redação enviada em 05/07/2016

Dados do censo populacional realizado em 2012 pelo IBGE mostram que 50,7% da população brasileira é composta por negros ou pardos. Essa composição se deve ao faro de o Brasil ter sido uma colônia de exploração cuja mão de obra era maciçamente africana. Mesmo tendo mais da metade da população formada por descendentes de africanos até 1996 não havia lei que obrigava as instituições educacionais a ensinarem história e cultura da África. Os principais motivos para tal descaso são a adoção da corrente historiográfica positivista por parte dos historiadores, o eurocentrismo como cultura dominante e a manutenção da classe dominante, essencialmente composta por indivíduos brancos. Quando se estuda a disciplina de história o primeiro ponto a ser observado é qual a corrente teórica adotada pelo historiador. É sabido que a maioria dos historiadores brasileiros é adepto da vertente historiográfica positivista. Para esses pesquisadores o objetivo da história é apresentar os fatos mais relevantes, as figuras humanas mais importantes de determinado período. Isso resulta em textos que apresentam a história do dominador, daquele que subjuga, de quem detém o poder político. Portanto, é fácil perceber que a história africana foi posta em segundo plano porque os africanos ou descendentes destes não eram parte da classe dominante. Outro ponto a ser analisado é quanto à cultura eurocentrista predominante em países que foram colonizados pelos europeus. Essa cultura tem como elementos centrais o homem branco, a religião cristã e o modo de produção capitalista. Todos esses fatores não faziam parte da realidade africana na época da colonização brasileira. No continente africano havia predominância do homem negro, as formas de expressão religiosa não necessariamente eram cristãs e o modo de produção em nada se assemelhava ao capitalismo. Sendo assim ensinar historia e cultura africanas seria apresentar uma cultura diferente do modo de vida europeu. Por fim, percebe-se que a educação induz os indivíduos ao questionamento acerca de algo e que a elite da sociedade brasileira é composta por pessoas de tez branca. Essa parcela da população está interessada em manter o “status quo” . Para que isso seja possível é necessário eliminar quaisquer possibilidades de conscientização dos dominados, neste caso, os negros, por isso durante muitos anos o ensino de historia e cultura africana foi suprimido. Do exposto, conclui-se que a corrente teórica adotada pelos historiadores brasileiros, a cultura eurocentrista e a elite branca dominante impediram durante séculos a produção e difusão dos conhecimentos sobre a cultura e historia africana. Além da edição de leis é necessário que haja formas de incentivar os historiadores a pesquisar sobre o continente africano. Uma das formas de incentivo é a instituição de prêmios para as melhores pesquisas sobre o tema. Outra forma de fomentar a produção de conhecimento sobre a África é aumentar a quantidade de programas de mestrado e doutorado voltados para essa temática.