A população brasileira é notoriamente uma mistura, dentre outros, de europeus, índios nativos e africanos. No entanto, ainda há desafios e conquistas a serem vencidos, no que se refere ao ensino das heranças históricas e culturais trazidas da África para essa sociedade. Isso se evidencia não só pela difusão exclusiva dos ensinamentos eurocêntricos, mas também pelo apelo às questões raciais. Segundo Immanuel Kant, o ser humano é aquilo que a educação faz dele. Utilizando-se desse conceito, foi amplamente difundido no ensino secular os ensinamentos eurocêntricos, a fim de sobrepô-lo a qualquer outro. Todavia, é notória a influência direta e indireta dos costumes africanos na culinária, cultura e na religião da sociedade brasileira, como por exemplo, o vatapá, a capoeira e o candomblé, todos trazidos pelos nossos ancestrais, o quais eram importados como objetos de mão-de-obra escrava pelos colonizadores. Além disso, o Brasil ainda sofre com questões raciais, reflexo de uma política de embranquecimento da população, idealizada pelo Conde francês Joseph Arthur, em meados do século XIX. Logo, não é difícil encontrar pessoas que se orgulham de serem descendentes de europeus e abominam suas raízes africanas, por conseguinte, o país torna-se, cada vez mais, aculturado e, dessa forma, perde sua identidade. O corpo docente das escolas deve, portanto, de forma ampla, não apenas difundir o ensino sobre a história e cultura Afrobrasileira, sistematicamente, dentro das salas de aula, mas também proporcionar aos alunos o contato direto, por meio de visitas aos museus e centros culturais, bem como, nas universidades, promover debates e workshops a respeito do tema, por meio de profissionais competentes, e ainda, a mobilização dos setores de cinema e teatro que visem retratar, por essa arte, as práticas africanas que influenciaram o país, reforçados e controlados pelo Ministério da Educação e o da Cultura.