É de conhecimento geral da classe intelectual que o Brasil é um país aculturado, isto é, não tem uma cultura homogênea definida. A partir desta premissa, faz-se necessária a indagação: o ensino da história dos povos ancestrais africanos é benéfico para a formação da nossa identidade cultural? Primeiramente, para fim de melhor entendimento,é preciso fazer a diferenciação entre cultura africana e cultura afro-brasileira. A africana, abrange toda a cultura milenar do continente Africano que,apesar da influência ocidental, ainda existe. Já a afro-brasileira, se refere a todas as tradições, ritos, artes e mitos que, trazidos da África durante o período escravista, se misturaram com o cotidiano brasileiro e existem até hoje. A primeira não nos pertence,a segunda que nos é importante. Dada essa ressalva, podemos voltar a discorrer sobre o tema sem nenhum equivoco interpretativo. É de imensa desonestidade intelectual não perceber como a cultura afro-brasileira nos influenciou.Elucidando,na literatura brasileira temos os grandes clássicos de Machado de Assis,Lima Barreto, Cruz e Souza, Gonçalves Dias entre outros gigantes da escrita.Na música temos o samba e,pela tangente,o movimento Rap. Na religião temos a umbanda ,a macumba e os mitos dos orixás resultando no fenômeno do misticismo religioso na Bahia. Diante do exposto, fica evidente o peso benéfico da cultura afro-brasileira no cotidiano nacional e seu efeito positivo na construção identificadora do individuo. Resta a pergunta: essa cultura deve ser ensinada em sala de aula? Essa resposta não pode ser dada apenas por um sonoro sim, existem reflexões a serem feitas: a primeira é que deve sim ser apresentada em sala de aula para fim de conscientizar as pessoas de sua importância. No entanto, há outra reflexão importante, é que não cabe apenas ao Estado inserir o tema nas escolas, a responsabilidade é do individuo querer buscar conhecimento sobre suas raízes, através de documentos, dados históricos e arte. A cultura afro-brasileira está no ar que respiramos, basta a boa vontade de notá-la.