Título da redação:

Os caminhos da escola e o ensino da cultura africana

Tema de redação: O ensino da história e cultura africana no Brasil: conquistas e desafios

Redação enviada em 01/08/2016

O Brasil, a partir de 1500, foi durante séculos uma colônia portuguesa. A partir desse período, o tráfico de escravos negros de origem africana se tornou uma rentável fonte de lucro, fato que se estendeu até 1888, com a Lei Áurea. O intenso fluxo de afrodescendentes para o Brasil em função de tal relação de comércio significou para a construção da identidade nacional grande influência da cultura africana. Em virtude de tal herança colonial, o ensino da história e cultura da África vem sendo muito debatido no Brasil. Em primeira análise, compreende-se que a formação da identidade nacional é pautada na miscigenação. O sincretismo religioso, o samba e a feijoada são exemplos de traços marcantes da cultura africana no país, desse modo, os negros afirmam-se como parte da história brasileira. No entanto, condiz com a história e cultura do Brasil a difusão do conhecimento histórico e cultural africano nas escolas. Sob outro aspecto, sabe-se segundo estudos que o Brasil tem mais da metade de sua população negra. Como bem assegura a Constituição Federal de 1988, o país é democrático, e por isso tem de promover uma cultura de alteridade. A implantação do ensino africano no sistema de educação nacional significa promover a comunhão da pluralidade cultural do país, representatividade de parcela dos brasileiros que são afrodescendentes e disseminação do conhecimento da história cultural brasileira. Nessa perspectiva, vale mencionar ainda que o racismo persiste no país e o conhecimento histórico-cultural áfrico é um viés importante nessa questão. Somente a educação tem o poder transformador de quebrar esse tipo preconceito inerente à sociedade atual e que vai contra os princípios de respeito à diversidade previsto em uma democracia. Tal premissa é reforçada pela frase do educador francês Celéstin Freinet: ‘’a democracia do amanhã se prepara na democracia da escola’’. Fica evidente, portanto, a necessidade de de se estender a difusão do conhecimento histórico e cultural africano em prol do exercício de uma democracia plural dentro do ambiente escolar, por meio de microcosmos com feiras culturais, palestras e rodas literárias que promovam o conhecimento de obras de escritores brasileiros e negros como a de Machado de Assis e Conceição Evaristo, e da literatura africana como Chimammanda Adichie e Pepetela. Desse modo, se caminhará em prol de uma sociedade mais tolerante e com mais conhecimento sobre sua história e formação identitária.