Título da redação:

O ensino da história e cultura africana: Isonomia no currículo nacional

Tema de redação: O ensino da história e cultura africana no Brasil: conquistas e desafios

Redação enviada em 25/07/2016

Escravos em “tumbeiros” sendo trazidos para o Brasil, acorrentados e abandonados à própria sorte, essa é uma das cenas descritas por Castro Alves em seu poema “Navio Negreiro”. É indubitável que ações tão nefastas tenham acontecido, contudo, a cultura e a história africana vão muito além do que o currículo mínimo brasileiro apresenta. Embora o estudo sobre a Diáspora Negra já seja recorrente no país, sendo esse um dos avanços na valorização da cultura negra, ainda é necessário que seu papel na formação nacional seja profundamente avaliado e reconhecido em sala de aula. Diante disso, o ensino da história africana, mesmo com avanços significativos, ainda possui empecilhos que estão ligados intrinsecamente à formação do país, seja pelo racismo, seja pela baixa aceitação da história africana nas instituições de ensino. É válido considerar, antes de tudo, o racismo como impulsionador dessa problemática. Embora a sociedade brasileira seja formada pela miscigenação de vários povos, o currículo ainda valoriza os feitos e a cultura do europeu em detrimento dos africanos. A escravidão é uma das bases desse pensamento, uma vez que o negro foi submisso ao homem branco, toda a sua cultura, em senso comum, foi considerada inferior. No entanto, vários movimentos populares de reconhecimento da afrodescendência aconteceram, sendo, desde 2003, consolidada uma lei de ensino da História Afro-Brasileira nas escolas, configurando um avanço no reconhecimento cultural e indenitário no país. Outrossim, cabe destacar a resistência das instituições de ensino em incluir o estudo mais aprofundado da história africana. Por muitas vezes, a formação do professor não oferece base para o ensino das questões Afro-Brasileiras dentro do espaço escolar. Nesse viés, é possível perceber que o déficit de ensino da historia negra não é apenas problemática no ensino básico, mas também no ensino superior, o que demostra o descaso das instituições de ensino com a cultura afrodescendente. Desse modo, é fundamental que as raízes do Brasil sejam amplamente estudadas para que haja maior conhecimento dos povos que moldaram o país. É evidente, portanto, que mesmo que tenham acontecido avanços na valorização da história e cultura africana no currículo brasileiro, ainda há desafios. Para atenuar essa problemática, é fundamental que as escolas promovam debates sobre o racismo e estimulem seus alunos a respeitar a diversidade, com o intuito de minimizar os casos hediondos de preconceito. Ademais, é necessário que o Governo Federal, aliado ao Ministério da Educação, faça uma revisão dos conteúdos ensinados desde o ensino básico até o superior, inserindo, de forma mais ampla, a cultura africana, visando seu reconhecimento e valorização. Só assim, tratando causas e minimizando efeitos, o Brasil passará a tratar a todos, em princípio de isonomia, como iguais, de acordo com a Constituição.