Título da redação:

Conhecer para valorizar

Tema de redação: O ensino da história e cultura africana no Brasil: conquistas e desafios

Redação enviada em 06/10/2017

O poema "Navio Negreiro", de Castro Alves, ilustra de forma crua a realidade vivida pelos primeiros povos africanos que cruzaram o mar forçadamente, distanciando-se de sua cultura de modo indelével. O sistema escravocrata arruinou com a memória dos povos submetidos, gerando uma ignorância em relação ao contexto vivido pelos seus antepassados que perdura até os dias de hoje. Assim que chegavam ao continente americano, os africanos eram obrigados ao batismo católico, perdendo o direito de exercerem seus próprios rituais religiosos. Tratados como mercadoria, eram obrigados a esquecerem de suas origens para trabalharem em troca de restos de comida provenientes das casas de seus proprietários. Essa brutalidade cometida resultou em um grande distanciamento do povo - agora brasileiro- em relação a suas matrizes. Entretanto, ainda que tardiamente, avançamos, pois está em vigência na legislação brasileira a obrigatoriedade do ensino da história e cultura africana nos currículos escolares. Porém, é preciso fazer valer na prática o texto jurídico, afinal existem entraves que impedem sua plena efetivação. São exemplos disso a falta de preparo acadêmico dos professores para tratar do assunto e, principalmente, o pouco destaque que a história africana possui nos grandes meios de comunicação. Logo, para que ocorram mudanças, medidas são necessárias. As universidades públicas devem fomentar a pesquisa relacionada à história dos povos africanos nos cursos de ciências humanas. Para isso, o Ministério da Educação precisa alocar recursos necessários e criar um programa de bolsas acadêmicas focado nesse objetivo. As mídias televisivas devem realizar maiores produções artísticas, como filmes e telenovelas com temática africana. Para tal, devem receber apoio financeiro do Ministério da Cultura. Dessa forma, a memória cultural africana ocuparia o devido lugar que merece, e isso contribuiria, inclusive, para o combate ao racismo que ainda assola nossa sociedade.