Título da redação:

Brasil e suas Histórias.

Tema de redação: O ensino da história e cultura africana no Brasil: conquistas e desafios

Redação enviada em 10/07/2016

Desde a Constituição de 1988, com a redemocratização do Brasil, o racismo passou a ser considerado crime inafiançável e sujeito a pena de reclusão. Em 2003 foi aprovada a lei que tornou obrigatório o ensino de história e cultura africana nas escolas. Apesar de essas leis representarem grandes avanços na luta contra o racismo, ainda é um grande desafio torna-las efetivas para cumprir seu objetivo. O ensino da história, desde o nível fundamental ao médio, é pautado na formação étnica do Brasil, país miscigenado, composto por indígenas, africanos e brancos, considerado racialmente democrático por grandes sociólogos brasileiros, como Gilberto Freyre. De fato, a população brasileira, tal como é atualmente, tem origem na reunião dos elementos desses três grandes grupos étnicos, mas dificilmente pode ser considerado esse um país onde há democracia racial, pois, independentemente de haver uma legislação, ainda aprendemos a história pela ótica do português descobridor do Brasil e grande responsável pela civilização. Aprender sobre o processo de formação do país majoritariamente pelo ponto de vista da cultura dominante, deixando as demais em segundo plano, causa impactos na sociedade, pois a falta de conhecimento leva ao preconceito e à violência. As pessoas ainda percebem as manifestações africanas como exóticas, como o inverso de virtuoso, como quando usam a expressão “chuta, que é Macumba”. O termo Macumba designa, genericamente, uma religião afro-brasileira, na qual se reúnem elementos africanos e cristãos, mas que é tratada como uma feitiçaria causadora de males. Somando-se ao fato de haver, no imaginário popular, um exotismo maligno incrustrado na etnia africana, a cultura de massas traz, com o cinema e a televisão, um africano com rituais extravagantes, violento, imerso em guerras, muitas vezes auxiliado por um europeu ou norte americano a viver na “civilização”. Existe na Constituições mecanismos para lidar com a discriminação, porém é preciso não apenas ensinar de onde vêm os africanos e qual é sua cultura, a história deve ser contada pela ótica de todos que formaram o Brasil. Além disso, é preciso incentivar ações para a divulgação das manifestações culturais africanas, bem como inserir no currículo o ensino das literaturas de língua portuguesa africanas, que são cobradas por grandes vestibulares do país.