Título da redação:

África: no Brasil e em cada um

Tema de redação: O ensino da história e cultura africana no Brasil: conquistas e desafios

Redação enviada em 16/07/2016

A sociedade brasileira é pautada na diversidade étnico-cultural. Porém, há séculos a base curricular do ensino nacional exclui a legitimidade da influência africana na formação histórica do país. Tal fato é a principal causa das visões restritas acerca do universo negro, e plataforma para a formação de um racismo velado, escondido atrás de um país multiétnico mas que delimita o aprendizado de sua formação cultural, não atendendo à demanda da população afrodescendente que anseia por conhecer e estudar suas origens. Em primeiro plano é necessário ressaltar que a Lei 10.639 de 2003 estabelece a obrigatoriedade do ensino da cultura e história afrodescendente no Brasil. Tal ordem parametriza a legislação brasileira com os ideais da igualdade étnica. Porém, o seu cumprimento parcial e pouco explorado ainda revela uma sociedade gerida por cúmplices que compactuam implicitamente com o atraso educacional, ocasionando a formação de cidadãos ignorantes da própria cultura e formação. Ademais, dentro de um povo miscigenado como o brasileiro, é inadmissível a existência de pessoas envergonhadas da própria raça. Contudo, devido a propagação de ideais do senso comum, a experiência africana em solo brasileiro, ainda é estereotipada e os recursos para essa mudança ainda são pouco estendidos à população que necessita. Uma prova deste fato é que, segundo o Jornal Folha de São Paulo, aproximadamente 66% dos jovens brasileiros negros estão fora no sistema educacional. Quantitativo esse que, longe da vivência escolar se tornam as principais vítimas da ignorância histórica de seu povo. Outro aspecto que merece destaque é a histórica visão eurocêntrica do mundo. Dentro das instituições ocidentais de ensino é possível perceber uma dominância de assuntos ligados a cultura, civilização e pensadores europeus em detrimento dos inúmeros ícones africanos que não possuem o destaque que merecem. Dentro dessa perspectiva, percebe-se que muitos afrodescendentes pensam não possuir motivos para se orgulhar de seus ancestrais e infelizmente, passam esta noção de mundo adiante. Diante dos fatos expostos, é possível perceber a necessidade de se restaurar as manifestações educacionais no Brasil e, para isso, a população precisa se ver como o agente crucial das mudanças nacionais e exigir a materialização do que a constituição tipifica como direito, por meio de manifestos e abaixo-assinados nas escolas para que o ensino sobre a ignorada África se torne amplo e viável. Bem como o Ministério da Cultura deve investir uma parcela maior de recursos na criação de Museus e Centros Culturais que exaltem a cultura e luta afrodescendente no país. Para que assim, a realidade e verdadeiro passado brasileiro seja conhecido por todos os seus participantes.