construção de uma identidade passa pelo conhecimento de sua história, para fazer dela uma referência cultural. O Brasil é um país multicultural e multirracial, tendo a presença africana como a mais influente. O problema é que mesmo com toda riqueza cultural herdada dos africanos, ainda conhecemos muito pouco sobre o continente, seus costumes e sua cultura. Com isso, é essencial analisar, os desafios e conquistas do ensino da cultura africana no Brasil. A exclusão da história africana é uma dentre as várias demonstrações do racismo no Brasil. Isso ocorre pelo fato de durante anos, na escola, o aluno aprender apenas sobre a influência europeia e americana na formação da identidade brasileira. Os negros têm “pequeno” destaque na história contada em sala de aula, que é o episódio de sua vinda ao país como escravo, sendo esquecida toda sua importância para a formação da identidade multirracial do povo brasileiro. É surpreendente um país que nos últimos quatro séculos teve uma imigração africana maciça, como também possui a maior parte de sua população descendentes de africanos, não ter, ou ter pouco, a história africana nos currículos escolares. Segundo dados do IBGE, a cidade de Salvador é a segunda cidade com maior quantidade de negros do mundo, perdendo apenas para Lagos, na Nigéria. As primeiras leis para ensino da história africana nas escolas, surgiu em 2003 no governo do então presidente Lula. A lei 10.639 acrescenta dois artigos à LDB e estabelece o ensino história e cultura afrobrasileira por meio de temas como história da África, a luta dos negros no Brasil e a cultura negra para a formação nacional. Segundo dados do MEC, em que na cidade de São Paulo, mais da metade das escolas já inseriram o conteúdo de história da África em suas grades curriculares, sendo ministradas de forma transversal e em especial nas áreas de artes, literatura e história. Fica claro, portanto, que o ensino da cultura africana no país enfrenta muitos obstáculos até a sua implantação definitiva. Esse quadro será revertido quando as autoridades brasileiras investigarem as escolas que ainda não possuem o ensino da história africana. Aliado a isso, é necessário que os professores adquiram o conhecimento sobre história do continente africano ainda na faculdade para repassar de forma metodológica aos alunos. Como citou o representante da ONG Relações Sociais, Isabela Moraes: “a cultura e a história não tem cor, e todas devem ser ensinadas e respeitadas”.