Título da redação:

Reconhecer-se mutuamente

Tema de redação: O drama dos refugiados no Brasil Contemporâneo

Redação enviada em 10/10/2017

A questão da vinda de refugiados para o Brasil é antiga, porém houve um considerável aumento de 12% somente em 2016, segundo o Comitê Nacional para Refugiados (CONARE), quadro que não se presencia desde a segunda guerra mundial. Logo, esse panorama demonstra a política brasileira de "portas abertas" à imigração, porém o país não dispõe de um plano de ação efetivo para o recebimento dessas pessoas, fato que contribui para o agravamento da situação dos mesmos indivíduos. Segundo o CONARE, o número de refugiados chegou a 9.552, sendo eles de 82 nacionalidades diferentes, seus principais países de origem são: Síria, República Democrática do Congo, Paquistão, Palestina e Angola. Além do mais, tais pessoas vêm para cá fugindo de guerras civis, perseguições religiosas e políticas e violações dos direitos humanos. Dessa forma, quando chegam em solo brasileiro, as normativas do CONARE preveem assistência, proteção e apoio legal aos recém-chegados. Ademais, a recente aprovação, em maio de 2017, da Lei de Migração, além dos direitos já citados, consente a naturalização de forma mais rápida para suprimir a apatridia do novo habitante. Todavia, na prática não ocorre conforme prenunciado por lei, ou seja, mesmo regulamentado, o suporte não é fornecido apropriadamente aos indivíduos, pois falta um plano de ação eficaz. Isto é, quando chegam aqui não há habitação adequada, curso de idioma, políticas públicas especiais voltadas para eles, principalmente em relação a saúde, dado que muitos chegam bastante debilitados devido à longa jornada percorrida. Outrossim, mais um motivo contribui para dificultar a instalação dos refugiados no novo país, a xenofobia. Por conseguinte, tal aversão se manifestou contra Mohamed Ali, refugiado sírio que vende esfihas e quibes no Rio de Janeiro e foi hostilizado por outros vendedores ambulantes, caso ocorrido em agosto de 2017. Haja vista essa conjuntura, o governo federal, em parceria com o CONARE, pode disponibilizar cursos de idiomas e profissionalizantes para os recém-chegados, de modo a facilitar a integração não somente à sociedade, como também ao mercado do trabalho. Da mesma maneira, o Ministério da Saúde, junto com as forças armadas, pode disponibilizar serviços de saúde aos refugiados, dividindo-os entre os hospitais civis e aqueles montados pelo exército, assim haverá condições de tratá-los com mais atenção. À luz de Zygmunt Bauman, devemos nos tratar com empatia de modo a construir um ambiente agradável a todos, visto que "não há saídas imediatas, mas um ótimo começo será o possível acolhimento e reconhecimento mútuos".