O quadro “Guernica” de Pablo Picasso representa o horror da Guerra Civil Espanhola, tendo como destaque o sofrimento humano perante essa situação. Análogo à obra de arte, os refugiados vivem situação similar de desespero, sofrendo com a difusão dos governos totalitários e guerras civis. Assim, alguns deles buscam o Brasil como saída, atraídos pela propaganda de “nação miscigenada e diversa”, contudo, o drama dos refugiados no país lida com contradições culturais, encontrando um país marcado por preconceitos e instabilidade socioeconômica. Primeiramente, é válido lembrar da cultura discriminatória brasileira. As crianças do país crescem influenciadas por autores como Monteiro Lobato que, em sua obra “Sítio do Picapau Amarelo” naturaliza a submissão da personagem Anastácia, negra, criada de Dona Benta, branca. Essa visão é reforçada no dia-a-dia, considerando que, apesar de ser a responsável pela produção alimentar do sítio, Anastácia é silenciada quando “Dona Benta” passa a denominar a marca de produtos caseiros como a farinha de trigo. Essa mesma criança, ao ter contato com estrangeiro, o vê como alguém inferior e, dessa forma, o comportamento excludente é alimentado, não sendo um comportamento pregado nos países de origem dos migrantes. Por fim, o sofrimento dessas pessoas é intensificado pela cultural local. Em segundo lugar, é imprescindível salientar a crise econômica vigente e os seus reflexos. Há, no Brasil, um crescimento de desemprego que, com a chegada de refugiados, alimenta um mercado sensacionalista responsável por culpar essa população pelo agravo do quadro atual, alegando que eles vieram para ocupar os cargos perdidos pelos nativos, sendo sinônimos de competição. Não obstante, a imprensa internacional pesa sobre a imprensa local, sendo xenófobos como Donald Trump símbolos de uma segregação descontrolada e generalizadora, visto que ataques terroristas passam a ser automaticamente relacionados com populações islâmicas. Outrossim, o medo do brasileiro do cenário de caos internacional do terrorismo junto com a escassez de trabalho configura uma maçante luta por sobrevivência para os imigrantes. Destarte, assim como a Tropicália divulgava a diversidade brasileira em cenário de Ditadura Militar, a visão atual de nação miscigenada esconde o drama dos refugiados. Então, no intuito de atenuar o problema, é imprescindível que o Ministério da Educação em consonância com a mídia, divulgue conceitos de tolerância, realizando propagandas educativas em horários nobres nas televisões e rádios e distribuindo panfletos nas escolas públicas que ressaltem a importância do diverso, com destaque para os imigrantes. Por fim, a Polícia Civil deve criar uma ouvidoria para denúncias de casos xenofóbicos, intimidando preconceituosos e amenizando a problemática.