Perseguição. Conflitos. Violência. Diversos são os motivos que levam as pessoas a deixarem seus países. No entanto, ao buscar refúgio em outros locais, os estrangeiros se deparam com mais um problema: a xenofobia. Conhecida pelo sentimento de superioridade de uma nação sobre a outra, a xenofobia teve início da Idade Antiga, onde todos aqueles que não eram do Império Romano eram considerados bárbaros. Com o agravamento de crises econômicas e guerras, o fluxo de refugiados no Brasil aumentou. Contudo, a falta de políticas públicas para essa população, atrelado ao preconceito que sofrem, causam desafios para seu estabelecimento no território brasileiro. Além de haitianos, devido à crise política em seu país, e sírios, em virtude da guerra, o número de venezuelanos no Brasil dobrou de 2015 a 2017, segundo dados da Conare. Em consequência do aumento do número de pedidos de refúgio, as poucas políticas públicas brasileiras voltadas a esse viés não surtem mais efeito para a quantidade atual de refugiados. Cabe destacar o estado de Roraima, onde milhares de venezuelanos estão desnutridos e vivendo nas ruas. Por isso, pode-se considerar a crise migratória como, também, uma crise administrativa, causada pela inação e omissão das autoridades brasileiras, que não se posicionam de forma efetiva para enfrentar essa mazela social. Ademais, apesar de ser considerado um país receptivo e acolhedor, o crescimento do número de refugiados no Brasil foi acompanhado pelo aumento de denúncias de xenofobia, que foram de 45 para 240 entre 2014 e 2015, de acordo com a Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos. Tal discriminação ocorre, principalmente, porque as populações locais, além de se sentirem ameaçadas de perder seus trabalhos, também temem perder sua identidade cultural, e acabam respondendo tais temores de forma extremamente agressiva, como ocorreu em agosto de 2018, quando brasileiros queimaram acampamentos e agrediram venezuelanos em Roraima. Nesse contexto, cabe destacar que o etnocentrismo é uma ideia irracional e inválida, uma vez que o Brasil é um país extremamente miscigenado, que tem sua cultura construída através da junção de elementos culturais de diversos povos, especialmente imigrantes e refugiados. Dessa forma, pode-se concluir que a crise dos refugiados expôs a falta de coordenação entre governo federal, estadual, e municipal para uma resposta rápida. Logo, é imprescindível que o governo federal destine verbas para as prefeituras, a fim de que estas possam desenvolver projetos de acolhimento que busquem encaminhar esses refugiados para abrigos, além de promover sua integração com a sociedade brasileira, inserindo-os no mercado de trabalho. Além disso, cabe à mídia e aos meios jornalísticos desenvolver novelas e programações que retratem a realidade dessa parte da população, e o quanto eles podem contribuir para o desenvolvimento do país, quando dado a oportunidade, procurando desconstruir a visão xenofóbica sobre os refugiados. Assim, o país poderá trilhar caminhos que respeitem a ética e o bem-estar de todos, buscando sempre a integração social, independente de etnia, cultura ou moral.