A Carta Magna do Brasil - promulgada em 1988 -, também chamada de "Constituição Cidadã", preconiza e assegura, como dever do Estado, a segurança a todos os seus cidadãos. Porém, de forma contrária ao que foi estabelecido por lei, o desaparecimento de crianças é um drama que atinge mais de 40 mil pais por ano. Nesse panorama, torna-se imprescindível analisar tanto os aspectos socioculturais, quanto os políticos acerca desse assunto. Cabe pontuar, em primeiro plano, que uma das principais causas de desaparecimento infantil é o tráfico humano, que tem vários fins, como a adoção ilegal e o trabalho escravo. Nesse sentido, esse crime está associado a uma ideologia arcaica decorrente dos séculos em que o comércio de pessoas nas ruas brasileiras era comum, o que só foi proibido em 1888, com a Lei Áurea. Destarte, visto que o sistema educacional nacional é defasado, faz-se valer a célebre máxima de Edmund Burke, que diz que um povo que não conhece a sua história está fadado a repeti-lá, Em virtude disso, torna-se necessário tomar medidas sociais a fim de reduzir o quadro alarmante de desaparecimento infantil no país. Concomitantemente, o sistema de divulgação de desaparecimentos no território nacional é feito, predominantemente, pelos próprios parentes e amigos, que não contam com um banco de dados governamental bem estruturado. Por mais que, em 2010, o Governo Federal tenha tido a iniciativa de criar o Cadastro Nacional de Crianças e Adolescentes Desaparecidos, o programa encontra-se praticamente abandonado e o site fora do ar. De fato, o descaso dos governantes com as crianças desaparecidas é fruto de uma política voltada para questões que garantem o voto, como obras faraônicas e medidas populistas. Dessa forma, perpetua-se um cenário de drama e desespero entre mães e pais desamparados pelo Estado, que, por sua vez, deixa de cumprir o seu dever imcubido pela Constituição. Nessa perspectiva, é fundamental que o Ministério da Educação, em parceria com as secretarias do mesmo setor, promova eventos escolares, em ambientes públicos e privados, abordando a temática da escravidão no Brasil, além de trazer à tona os atuais sistemas de tráfico humano, a fim de conscientizar as pessoas acerca da condição subumana presente nesse mercado. Ademais, é essencial que a mídia passe a veicular de formar mais enfática o drama do desaparecimento infantil, por jornais e documentários, para que a população fique ciente da situação e apoie os familiares e amigos das crianças desaparecidas, aumentando a pressão sobre os governantes, que se interessarão em antender os pleitos da massa eleitora.