A “Alegoria da Caverna” do filósofo Platão retrata homens que vivem acorrentados em uma morada subterrânea, a qual,em função da ausência da luz, representa a ignorância dos seres aprisionados diante da infinidade de conhecimentos que o mundo exterior à caverna poderia oferecê-los. Similarmente, a sociedade brasileira sofre o árduo exercício de conviver com a deturpação de seus direitos, fato que a impede não só de se libertar das amarras, mas também de contemplar a realidade grafada na Lei Maior. À vista disso, o desaparecimento de crianças é um fator preocupante, na medida em que contribui para a permanência do tecido social brasileiro nas correntes das sombras. A priori, destaca-se, no Brasil, que a comodidade dos orgãos responsáveis em atender ao apelo da população de maneira rápida e eficiente é um dos principais fatores que culmina no desaparecimento de crianças. Apesar de haver mecanismos de proteção a esses indivíduos como o ECA( Estatuto da Criança e do Adolescente), a distinção entre o que está grafado e a realidade é bastante discrepante. Logo, fica claro que o caos instalado é reflexo do sistema exaurido pela má gestão das leis. Dessa maneira, nota-se que o Estado se comporta como uma “Instituição Zumbi”, segundo Zygmunt Bauman, à proporção que demonstra ociosidade mediante sua função social de garantir um direito fundamental de cidadania. Faz- se mister, ainda, salientar, o contato precoce de crianças com o mundo virtual como propulsor dessa problemática. Dessa maneira, a ausência de direcionamento familiar- conjugado ao escolar- no que tange a tal questão, fomenta essa conjuntura. Assim, diante da desinformação a proteção individual torna-se mais difícil, pois segundo Émile Durkheim, o indivíduo só poderár agir na medida em que aprender a conhecer o contexto no qual está inserido. Infere-se, portanto, que o poder público não só aumente o número centros de apoio- sobretudo- nos locais onde os casos são mais expressivos, mas também melhore as que estão precárias, bem como invista em equipamentos para uma localização precisa, no intuito de aumentar a confiabilidade social mediante aos setores estatais. Ademais, é relevante que as escolas, em parceria com a família, realizem projetos estudantis com apresentações às comunidades locais para alertar a população sobre quais medidas devem ser tomadas para prevenir que mais crianças sejam vítimas desse cenário injusto. Assim, analogamente aos prisioneiros da caverna, as crianças poderão sair das sombras e alcançar os direitos firmados pelo ECA e ratificados na Lei Suprema da nação.