A taxa numérica de desaparecidos no Brasil é alarmante, especialmente quando mencionamos a quantia de crianças e adolescentes que fazem parte desses índices. É a realidade triste e ignorada tanto pela população quanto pelo poder público. Em 2017, completou-se 10 anos do desaparecimento da menina inglesa Madeleine McCain em Portugal, que ainda sem explicação, é investigado pelas autoridades inglesas e portuguesas. E enquanto olhares de todo o mundo ainda são voltados para o caso, mesmo após uma década, há relativa indiferença quanto ao sofrimento de milhares de famílias de desaparecido no Brasil. Segundo a ONG Mães da Sé, cerca de 40 mil crianças desaparecem todos os anos no país, entretanto, a dor da família não parece atingir os órgãos de segurança, alguns que, erroneamente, recomendam a realização do boletim de ocorrência somente após 24 horas do fato ocorrido, enquanto países como o EUA, por exemplo, determinam que as primeiras 48 horas após o desaparecimento são cruciais para encontrar o indivíduo em questão, depois disso, as chances de não haver mais localização sobem para 70%. A cada 10 pessoas desaparecidas no estado de São Paulo nos últimos 3 anos, 4 são crianças ou adolescentes, ao todo, foram 4012 menores de idade que não voltaram pra casa nesse período e que, em sua maioria, são moradores das regiões mais pobres de São Paulo. O destino do desaparecidos é incerto, o mais provável é que sejam vítimas da adoção ilegal, da exploração sexual ou do trabalho compulsório em minas, plantações e campos, podendo ainda serem vítimas do tráfico infantil, que cresceu 86% no país, de 2012 a 2013. É necessário encarar a questão do desaparecidos com preocupação e enfrentá-la de forma ágil. É preciso investimento estatal na criação de uma plataforma virtual que possua dados pessoais e fotos dos desaparecidos, bem como incentivar a adesão de todos os estados brasileiros nesta, agilizando a resolução de casos. Também é fundamental a criação de delegacias especializadas no assunto, afim de oferecer um atendimento eficiente e específico para a família das vítimas.