Na obra “O futuro da humanidade”, do psiquiatra e escritor Augusto Cury, Falcão – protagonista da história – encontra-se desaparecido para os seus familiares, pois ele optou pelas ruas após um trauma sofrido. Fora da ficção, não obstante, percebe-se a ascendência de crianças desaparecidas no Brasil, a qual reflete um Estado marcado por problemas de segurança pública, além da negligência parental para com a segurança dos filhos. Desse modo, convém analisar as questões que motivam o imbróglio, bem como caminhos para combatê-lo. Cabe pontuar, em um primeiro plano, o descaso da polícia na investigação imediata, no que tange ao desaparecimento de crianças e adolescentes. Nesse sentido, a inobservância dos profissionais de segurança, no momento em que são notificados do sumiço de jovens, dificulta que esses sejam encontrados posteriormente, uma vez que, se os infantes tiverem desaparecido por motivo de sequestro, a demora na procura da vítima contribui para o sucesso do sequestro. Prova disso se encontra nos dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, de que muitas mães, ao terem seus filhos desaparecidos, foram orientadas a esperar 24 horas para fazer o boletim de ocorrência. Logo, vê-se a necessidade de melhorias na segurança social. Vale ressaltar, ainda, a falta de diligência dos pais, no que diz respeito à segurança dos filhos. Nesse viés, sabe-se que, devido a não aquisição de um transporte individual, muitos pais deixam os adolescentes irem sozinhos às instituições de ensino, fator esse que viabiliza a ocorrência de sequestros e, consequentemente, o sumiço desses indivíduos. Essa tese é comprovada na obra “Memórias póstumas de Brás Cubas”, em que Machado de Assis descreve o homem como um ser corrompido e desprovido de virtudes. Dessa forma, pode-se dizer que a prática do sequestro é reflexo das características humanas descritas pelo autor, as quais agravam o drama de desaparecimento. Infere-se, portanto, que o sumiço de crianças e adolescentes, no país, é resultado da inobservância estatal e parental. Nessa perspectiva, é essencial que o Poder Executivo, sobretudo os agentes policiais, faça valer a lei que determina a investigação imediata de desaparecidos, por meio de parcerias com ONGs que atuam na defesa de infantes sumidos, com o fito de aumentar as chances de encontrarem essas crianças. Além disso, é mister a atuação das escolas na promoção de palestras de cunho orientacional aos pais, por intermédio de profissionais da área de segurança social, a fim de que os responsáveis pelas crianças sejam instruídos a adotarem posturas que ofereçam segurança aos filhos. Só assim, com a aplicação de mecanismos exitosos, caminhar-se-á à suplantação do cenário de crianças desaparecidas no país.