A Constituição Federal de 1988, norma de maior hierarquia no ordenamento jurídico nacional, assegura o direito à segurança. Porém, ao analisar os problemas relacionados ao crescente número de crianças desaparecidas, no Brasil, verifica-se que essa garantia fica restrita à teoria. Nesse contexto, os dilemas que envolvem esse processo ocorrem, sobretudo, em decorrência de fatores políticos e sociais. Por isso, medidas cujo objetivo seja reverter esse quadro são necessárias. Um primeiro aspecto que corrobora a problemática é o sistema capitalista, no qual, para se inserirem nessa lógica, muitos pais se ausentam demasiadamente dos assuntos referentes ao seu ambiente familiar. Tal questão pode ser ilustrada pelo filósofo Byung Chul-Han em sua obra “Sociedade do cansaço”. Segundo ele, vive-se, no século XXI, em uma “sociedade do desempenho” em que há uma pressão pela alta produtividade, com o intuito de estimular o consumismo. Assim, os progenitores que estão inseridos nesse contexto possuem uma rotina pautada substancialmente pelo trabalho, negligenciando, em muitos casos, a criação dos seus filhos. Essa realidade é problemática uma vez que aumenta o número de desaparecimento infantil durante situações cotidianas, como os casos de sumiço que acontecem na porta de escolas. Outro aspecto que corrobora a problemática é a iniciação precoce das crianças no ambiente virtual. Essa realidade pode ser comprovada pelo processo da Terceira Revolução Industrial, vivida atualmente, em que foi ampliado o acesso aos aparelhos tecnológicos e à internet. Assim, esses indivíduos em formação psicossocial são mais frágeis e suscetíveis aos que tentam utilizar desse meio digital para cometer delitos. Esse quadro pode gerar um aumento no número de crimes , como o sequestro e o tráfico de humanos , o que corrobora para o acréscimo do número de desaparecimentos desses menores, que segundo estimativa do Ministério da Justiça é de 40 mil por ano, no Brasil. Fica clara, pois, a urgência em coibir essa preocupante realidade. Para isso, é necessário que a família juntamente com a escola acompanhe a educação das crianças, dialogando sobre os riscos inerentes a vida em sociedade. Além disso, é necessário que o governo desenvolva políticas públicas com o intuito de combater os “cibercrimes”, como a ampliação de delegacias e juizados especializados, com o intuito de encontrar e julgar os que utilizam dos meios digitais para cometerem delitos. Com essas medidas, a problemática será, gradativamente, superada no país.