No conto de fadas "Cinderela" é narrado a história de abusos domésticos que a personagem principal era submetida pela sua madrasta, a qual limitava a sua infância e juventude. Diante desse cenário, a angústia sofrida pela jovem não difere, na atualidade, dos constantes casos de exploração e abuso infantil. Em conseguinte, tal conjuntura faz com que, somado pela displicência do Estado e a irresponsabilidade dos pais, os casos de desaparecimento no país cresça ao longo dos anos, mesmo após séculos de discussões acerca dos direitos humanos. Nesse sentido, é necessário entender suas verdadeiras causas para que o dilema seja definitivamente solucionado. Convém ressaltar, a princípio, que um dos principais motivos que leva ao desaparecimento de crianças é o tráfico realizado por quadrilhas, como reportado pela revista CartaCapital. A venda de órgãos, a prostituição e a adoção ilegal são os maiores destinos das vítimas do crime que, em detrimento dos ínfimos investimentos governamentais acerca da questão, tem se tornado mais problemático e imprevisível. Ademais, a falta de alerta em relação ao perigo em que os pequenos podem ser submetidos, visto o cenário violento em que a sociedade está inserida devido a falta de uma legislação mais rigorosa, é majoritariamente ausente em muitos lares brasileiros, o que contribui para o agravamento do impasse. Outrossim, atrelada à questão política, outro dilema para a resolução do problema é a violência doméstica e os maus tratos infantis. O caos familiar em que muitas crianças estão inseridas favorece o sentimento de repulsa pelo local, o que, consequentemente, o faz buscar alternativas para fugir das injúrias. Dessarte, em defesa pelo direito da criança e do adolescente, foi promulgada em 2014 a Lei Menino Bernardo, que criminaliza os pais pelo uso de castigos físicos para com os seus filhos. Tal medida é um avanço significativo para uma sociedade democrática de direito como o Brasil, ao amparar os mais vulneráveis e evitar um destino calamitoso devido ao desaparecimento, como a vida dos moradores de rua. Em vista dos fatos abordados, como dizia o sociólogo Gilberto Freyre: "o ornamento da vida está na forma como o país trata as suas crianças", a inversão da problemática deve ser trabalhada como política de Estado, especialmente pelo Ministério da Segurança Pública, por meio de investigações precisas sobre os crimes de sequestro infantil e maiores penas para os envolvidos, a fim de tornar o país um lugar seguro para as gerações futuras. Ademais, o Ministério da Cultura deve incentivar os meios midiáticos a promoverem alertas sobre as precauções que os pais devem ter, como permanecer sempre que possível ao lado dos filhos, para evitar um possível incidente. Dessa forma, o país estará definitivamente preparado para enfrentar todos os desafios que sempre estão por vir.