No Canadá a Policia Nacional tem a incumbência de desenvolver parcerias com os governos e polícias locais, para investigar os múltiplos tipos de desaparecimentos e fornecer apoio psicossocial às famílias atingidas. No entanto, tal situação, muitas vezes, não se verifica na realidade brasileira nos últimos anos. Dentre os principais motivos que obstaculizam a resolução da chaga social, destacam-se a dinâmica familiar frágil e a negligência estatal. A priori, é notório que uma das raízes do problema é a tensão permanente no âmbito doméstico. Isso decorre, lamentavelmente, devido a ausência do diálogo e a perpetuação da violência de amplo espectro dos responsáveis contra os menores, como o abandono e a subtração de incapaz intrafamiliar e, por consequência disso, a uma emergência de um estado emocional fragilizado nas crianças e propiciando o aliciamento e manipulação por pessoas inescrupulosas. Tal situação rompe com o conceito habbersiano da "Ação Comunicativa", no qual o consenso, na esfera privada, sobre algo só pode ser alcançado por intermédio da conversação. Logo, é imperioso a busca de meios para a restauração da conversa esclarecedora no contexto particular. Além disso, nota-se, ainda, que o descaso estatal intensifica a epidemia social. Isso acontece, infelizmente, porque não há uma rede eficaz, à nível nacional, que integre e articule ações para dirimir o assunto entre os Estados do país e, por conseguinte, a uma morosidade nas averiguações dos casos dos pequenos desaparecidos. Tal situação crítica vai de encontro com a concepção rousseauniana de "Contrato Social", em que o Governo, por meio do poder, manteria as regras e vantagens igualmente para todos. Dessa forma, é necessário, em regime de urgência, a criação de mecanismos que integralize os entes da federação para consolidação dos procedimentos investigativos. Infere-se, portanto, que a adoção de medidas para mitigar a problemática torna-se imprescindível. Faz-se necessário que o Ministério da Justiça, em consonância com a mídia televisiva, crie uma campanha, direcionada aos pais, que prima essencialmente na elucidação da necessidade da conversa esclarecedora e sem a necessidade da violência, com a pretensão de reduzir as possibilidades das crianças fugirem dos grupos familiares. Ademais, o Governo Federal deve criar um programa, que integre todos os Estados da federação, que paute fundamentalmente na comunicação, cadastramentos e atendimento às famílias dos menores desaparecidos, com o escopo de desenvolver uma metodologia unificada e aplicada aos Estados sobre a questão. Somente assim, o Brasil poderá se comparar a nações desenvolvidas de forma cabal.