Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: O discurso de ódio nas redes sociais e seus fatores impulsionadores

Redação enviada em 26/10/2018

“Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado de nossa miséria”. É assim que termina o livro “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, o qual foi escrito por Machado de Assis no ano de 1881, inaugurando o realismo no Brasil. Analogamente, ao observar os discursos de ódio nas redes sociais no quadro atual, infere-se que a miséria humana -como a falta de empatia- citada pelo autor realista ainda é muito forte no contexto brasileiro. Isso ocorre, sobretudo, em virtude de problemas bastante presentes no cenário nacional: o individualismo e a frágil fiscalização do Estado. É fundamental, portanto, analisar as causas desse impasse para propor uma possível intervenção. Em uma primeira análise, o caráter individualista de boa parte da sociedade é um potente fator que contribui para o aumento desse discurso na internet. Por volta dos séculos XV e XVI, iniciou-se o Renascimento, marco histórico que tinha o individualismo como uma de suas principais bandeiras defendidas. Ao longo dos anos, ainda se percebe a permanência dessa conduta nas relações interpessoais, inclusive no campo virtual. Desse forma, devido a essa lamentável postura, inúmeros indivíduos não têm a capacidade de se colocar no lugar do outro. Como consequência disso, os discursos de ódio nas redes sociais começaram a aparecer na conjuntura brasileira, visto que uma parcela de cidadãos não se importa com os sentimentos de outrem. Logo, torna-se evidente que essa herança renascentista negativa coopera diretamente para o crescimento desse transtorno social, expondo o comportamento discriminatório e antipático de muitos brasileiros. Além disso, vale ressaltar também a ineficiente atuação estatal sobre o controle dessa violência cibernética. Segundo o sociólogo Émile Durkheim, a estabilidade do corpo social somente seria alcançada mediante o bom funcionamento de seus órgãos fundamentais. Desse modo, não é razoável que as instituições do governo exerçam uma fiscalização fraca nos meios de comunicação, principalmente, nas redes sociais- local em que ocorre esse problema com maior frequência. Com efeito, embora o Brasil seja um país liberal, esse obstáculo virtual deve ser contido pelo Estado, haja vista que, além de os discursos de ódio ultrapassarem os limites da liberdade de expressão, eles acabam com a possibilidade de construir discussões de maneira ética e plural. Assim, enquanto o descaso das autoridades for regra, a estabilidade social proposta por Durkheim permanecerá uma exceção. Impende, pois, tomar medidas para mitigar toda essa problemática, uma vez que representa um grande empecilho social. O Governo Federal, em parceria com os órgãos fiscalizadores, por meio da criação de instituições regionais de fiscalização cibernética compostas por profissionais capacitados -como técnicos de informática -, deve exercer um rígido e severo supervisionamento sobre os meios de comunicação sem ferir as liberdades individuais de cada um. Essa ação tem o objetivo de reduzir, mesmo que gradativamente, os discursos de ódio existentes nas redes sociais. Outrossim, cabe à Escola promover debates e palestras públicas sobre as consequências dessas ações, a fim de estimular o espírito solidário nas crianças e jovens para conter o individualismo da população. Com essas medidas -que não excluem outras-, poderá ser alcançado um Brasil mais afastado da miséria mencionada por Machado.