A liberdade de expressão é um direito previsto na Constituição Federal de 1988 e reforçada pela era tecnológica, a qual viabilizou um espaço de diálogo social muito mais amplo, entretanto alguns cidadãos exercem tal direito erroneamente, utilizando-o como uma máscara para encobrir a intolerância e o preconceito, haja vista que a disseminação de ofensas em redes sociais se repete a cada dia, tomando proporções preocupantes. Nesse sentido, convém analisar-se as causas, consequências e possível solução para o impasse. Indubitavelmente, a ascensão da tecnologia nas últimas décadas representou uma revolução nos meios de comunicação e consequentemente facilitou a manifestação da individualidade. Em contrapartida, o anonimato de perfis falsos serve como apoio para posicionamentos agressivos acerca de pautas como política, homofobia e racismo, um exemplo disso é o caso do cantor Pabllo Vittar, o qual expôs o fato de ter sofrido agressão física durante sua infância por ser homossexual, e ao fazer essa declaração recebeu uma enxurrada de comentários absurdos incitando tal comportamento, e afirmando que ele deveria ter apanhado mais. Por certo, essa situação é um reflexo da cultura intolerante existente no país, onde discussões que deveriam ser saudáveis e construtivas transformam-se em uma guerra virtual de opiniões impostas por meio de discursos de ódio que em muitos casos não só ferem a Constituição em diferentes aspectos no que diz respeito à igualdade, como também são uma ameaça à saúde mental das vítimas, além disso, os autores frequentemente saem impunes por falta de um controle mais severo em relação à violência praticada online. Pela observação dos aspectos analisados, nota-se um comportamento grave e toma-se como necessário que o Ministério da Justiça intervenha em consonância com as sedes brasileiras das redes sociais mais populares, moderando comentários e publicações agressivas por meio de dispositivos que detectem palavras-chave consideradas impróprias, notificando e conscientizando o autor por meio de uma mensagem automática e o banindo da rede em caso de reincidência. É imprescindível também que o Estado crie, em parceria com a mídia, campanhas que abordem a questão, mostrando que, como citou o filósofo Jean Paul Sartre, a violência, seja qual for a maneira como ela se manifesta, é sempre uma derrota, e assim, gerar a consciência de que os discursos de ódio se equiparam em danos à qualquer outra forma de agressão.