Em uma das reflexões do filósofo Platão, ele indaga se o homem é bom por escolha ou porque teme ser descoberto. Trazendo esse questionamento para o Brasil hodierno, é possível chegar a resposta de que o homem age corretamente quando teme ser penalizado, já que nas redes sociais, diante da sensação de impunidade, o país vivencia a multiplicação dos discursos de ódio. Nesse contexto, seja devido à facilidade do anonimato na internet, seja a possibilidade de se “esconder” atrás de um computador, algumas pessoas são impulsionadas a expressarem comportamentos antiéticos e que aflige os Direitos Humanos. Primeiramente, é notório que a facilidade de criar perfis falsos no ambiente virtual instiga as pessoas a usufruírem negativamente desse recurso. Isto porque, o anonimato na rede possibilita que o indivíduo possa falar tudo o que ele tem vontade e, que do ponto de vista ético é errado ou ofensivo. Nesse contexto, apesar de existir o Marco Civil da Internet – uma lei criada em 2014 para regularizar o uso da net -, ele ainda tem uma atuação limitada e dificilmente detecta os infratores. Dessa forma, os internautas utilizam o espaço cibernético como uma “terra sem lei” e, aproveitando-se da impunidade, promovem o discurso de ódio. Ademais, ainda que o autor do discurso de ódio se identifique, ele acredita que por estar “escondido” atrás de uma tela de computador, tem a direito de afrontar. Assim, estando o indivíduo na privacidade de seu lar e, pautado no argumento da liberdade de expressão, ele se esbalda praticando insultos e discriminação nas redes sociais. Esse comportamento reflete a ideia defendida pelo filósofo Mário Sergio Cortella, de que a liberdade permite a degradação. Dessa maneira, mediante a sensação emancipatória da internet, muitos revelam o seu lado mais perverso, ainda que, no Brasil, exista o estabelecimento de uma ética e de uma Constituição Cidadã que preza pelo respeito ao próximo. É premente, portanto, que alguns dos fatores que impulsionam o discurso de ódio nas redes sociais são a possibilidade do anonimato e a imoderação da liberdade. Nesse sentido, é importante que o Ministério da Justiça fortaleça a fiscalização do uso inadequado da internet. Essa iniciativa pode ser realizada por meio de uma legislação mais rigorosa, que prevê altas multas aos infratores, e com o desenvolvimento de programas de informática que consigam identificar com maior eficiência os agressores, com o objetivo banir essa prática e tornar o ambiente virtual democrático e respeitoso. Com essas medidas, mesmo que os internautas ajam coagidos pela lei, a internet será um lugar mais saudável e construtivo.