Título da redação:

Redação sem título.

Tema de redação: O discurso de ódio nas redes sociais e seus fatores impulsionadores

Redação enviada em 06/03/2018

"Não serei o poeta de um mundo caduco", afirmou Drummond na sua obra "Sentimento do Mundo". Nesse sentido, fica evidente a insatisfação do autor diante da máquina de um mundo ensandecido e caduco, cujas engrenagens impõem-se de maneira dominante, autoritária e inexorável. Talvez, hoje, ele enaltecesse ainda mais a sua afirmação: a postura de alguns brasileiros acerca da prática do discurso de ódio nas redes sociais é uma das faces mais preocupantes de uma sociedade em desenvolvimento. Por essa razão, faz-se necessário pautar as causas que colaboram com essa postura: o individualismo antropológico e um governo inobservante ao Contrato Social. A priori, o sociólogo Zygmunt Bauman defende, em "Modernidade Líquida", que o individualismo é uma das principais características - e o maior conflito - da sociedade pós-moderna. Esse conceito, portanto, pode ser visualizado na prática do discurso de ódio nas redes sociais, em que o ser humano só se preocupa com si mesmo, desrespeitando as outras pessoas, como ocorreu nas eleições de 2014, quando surgiram menções, no Facebook, apoiando a tortura de Dilma Rousseff pelos militares. Sob tal ótica, fica claro que atitudes discriminatórias nas redes sociais ferem a isonomia de direitos, garantida pelo artigo 5 da Constituição Federal de 1988. Desse modo, um caminho possível para combater a prática do discurso de ódio nas redes sociais é desconstruir o principal problema da pós-modernidade, segundo Zygmunt Bauman: o individualismo antropológico. Sob essa perspectiva, o Contrato Social, estabelecido por Rousseau, disserta acerca da importância da atuação do Estado para garantir o bem-estar social. Todavia, as nefastas políticas públicas que visam coibir atitudes discriminatórias na internet, como campanhas de combate, fomentam a permanência desse impasse, posto que ocorrem, ainda, muitas menções negativas nas redes sociais - que foram 84%, de acordo com dados do "Comunica que Muda" - devido à facilidade na disseminação delas, além da impunidade que as redes sociais oferecem, por conta da dificuldade na identificação de criminosos. Contudo, embora caótica, essa situação é mutável. Dessarte, a sociedade civil organizada deve exigir do Estado, por meio de protestos, a observância do Contrato Social. Diante disso, o Ministério da Fazenda deve elaborar um plano econômico capaz de dinamizar a economia e gerar recursos, mediante a ajuda de economistas, a fim da Polícia Federal elaborar uma plataforma de denúncia para a identificação dos autores de discursos de ódio, com o intuito de aplicar o artigo 5 da Constituição Federal no âmbito virtual, mitigando a impunidade das redes sociais. Ademais, o Ministério da Educação deve ministrar palestras nas escolas, em parceria com psicólogos e psicopedagogos, com a finalidade de debater o conceito defendido por Bauman e suas consequências sociais, para desconstruir o individualismo antropológico e, resultando, na diminuição da prática do discurso de ódio nas redes sociais. Assim, a postura dos brasileiros se modificar-se-á, atenuando os dados coletados pelo "Comunica que Muda" e tornando o Brasil um país plácido e lúcido, do qual Drummond pudesse valorizar.